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segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Tropa de Elite

Finalmente, fui ver o tão falado Tropa de Elite. Nem queria pagar pra ver, já que tinha a opção do DVD pirata (já aqui temos um pequeno exemplo da situação do nosso país. Quem paga pra ver DVD pirata, contribui também para uma série de outros fatores. Correto? Mas isso é assunto pra outra postagem). Mas o J encheu tanto o saco que lá fomos nós. Foi bacana, não me arrependi de ter pago os 6 reais. E o filme é realmente um soco no estômago. Daqueles....

Saí da sala meio atordoado, meio perdido, pensando em mil coisas. Só tomando um "gelinho" depois pra clarear as idéias e fazer uma breve resenha sobre a película. Coisas que a gente sabe que acontece, que a gente cansa de ouvir e ver, mas que só acredita mesmo quando vê na realidade, na cara mesmo. E o filme é a mais pura realidade do que rola, tanto no morro quanto no asfalto. Corrupção, hipocrisia, injustiça e bandidagem são apenas alguns aspectos que são mostrados nesse filme, que considero o melhor filme nacional que já vi.

O filme realmente faz a gente (re) pensar num monte de coisa. Coisa banal que a gente nem imagina que faz parte de um círculo, que afeta toda a sociedade. Um carinha ali que fuma um baseado, que comprou com o chegado da faculdade, que tem o canal de outro no morro, que conhece o cara (esse é o cara mesmo!) lá de cima. A cada tragada, um camarada que toma um tiro, um outro que apagam, um outro que é torturado...e por aí vai. Realmente quem usa contribui, isso é fato. Por menor que seja a quantidade que o camarada compre, esse dinheiro faz parte do tal círculo.

Mas e aí? O que fazer? Muita gente que usa sabe que contribui e não vai parar de usar por causa disso. Até porque o tráfico não vai acabar por conta de um ou dez que abdicarem do vício. O bom do filme é exatamente essa repercussão, essa discussão que é gerada em torno da realidade, que aflige a todos, mesmo os (aparentemente) mais favorecidos ou aqueles não tão contribuintes da situação.

Assim como o cara que usa podia deixar de usar, o cara que vende, podia também deixar de vender e ir procurar um emprego decente. Mas a família do cara é pobre, todo mundo nasceu no morro, ninguém quer dar emprego pra ele, no último emprego em que ele esteve foi injustiçado porque era negro, etc... É realmente uma roda gigante de fatores que fazem as coisas serem da forma como são hoje.

Claro que o nível de contribuição de um é diferente do nível de contribuição do outro, mas todos temos uma parcela de culpa. Inclusive (ou principalmente) políticos que deixam de aprovar leis que poderiam favorecer ou amenizar a situação, e não fazem por interesses próprios, inclusive gente que dá esmola e não sabe pra onde essa grana vai (esse trocadinho pode muito bem ir pro vício do pai ou da mãe, que batem no moleque se ele não conseguir tantos reais na noite), inclusive mais um monte de coisa que acontece por aí.

Na minha opinião, a legalização seria uma boa opção. Ia (teoricamente) acabar com o tráfico e com essa guerra toda que rola nos morros do país inteiro pra saber quem é dono de qual boca. Coloca os lugares determinados pra usar o que for, quem quiser usar, usa, a vida é sua, se quiser fumar, beber, cheirar, injetar, vai fundo, a vida é sua maluco. Mas pra isso toda a droga que rola nos morros teria que ser apreendida, todo o movimento que rola de norte a sul do país teria que ser combatido e cessado, todos os policiais teriam que agir de acordo com o juramento que fizeram, não se "prostituirem" e por aí vai. Moleza...

Mas o filme traz discussões muito amplas, que com certeza causarão controvérsias, ainda mais em um país de quase 200 milhões de habitantes, onde cada um tem seu próprio interesse e uma determinada realidade e onde pouquíssimos pensam no coletivo.

Vi uma parte da entrevista do diretor Padilha com a Marília Gabriela, onde ele diz que para que todas as "barbaridades" que são mostradas no filme acabem, uma pancada de coisas deve acontecer. Entre elas: que os juros não subam durante tantos anos, que o país tenha uma considerável taxa de crescimento ao ano durante certo período, que os salários dos policiais sejam mais justos, evitando a corrupção destes ( a grana que esses camaradas ganham dos próprios donos do movimento ou de extorsões são bem maiores que o mísero salário que o governo paga) e por aí vai...

É uma cadeia de situações que faz o Brasil ser o que é hoje. Para acabar eu não tenho a solução. Cada um tem seu papel, sua importância e pode tentar contribuir do jeito que acha melhor, sendo-lhe ou não conveniente. Gostei demais do filme. Me fez parar pra pensar num bucado de coisas, muitas delas presentes diretamente em minha vida. Agora falta ler o livro. Esse também deve colocar um bucado de minhoca na cabeça de quem tiver tal privilégio.

Como diz a letra de PH: a culpa é de quem? A culpa é de quem? ...read more ⇒
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quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Calor? Nada...

Êta calor de rachar. Odeio calor nesse nível. É insuportável. Até pra dormir é complicado. E quando bate um ventinho pra refrescar, é um vento quente, seco.

Prefiro tempo muito frio a muito quente. O ideal é aquele meio termo, nem muito calor, nem muito frio. Mas quem disse que o mundo é perfeito?

O bom do calor é que ele atinge todo mundo. Pobre, rico, preto, branco. É claro que quem tem grana sofre menos, com ar-condicionado no trabalho, no carro e tudo mais. Mas uma hora esse calor sinistro pega a burguesia também, mais cedo ou mais tarde.

Mas fico pensando na moçada no interior de Pernambuco, por exemplo. O calor lá é muito mais intenso, rola o ano todo e a turma de lá não tem nem água direito pra dar uma amenizada na situação.

Se aqui em BH o bicho tá pegando e a gente ainda tem opções de chuveiro, piscina, mangueira ou até mesmo a fonte da Praça da Estação, lá a situação é muito pior. A água que eles têm é só da chuva, que não aparece há tempos. O rio mais perto (que com certeza, tá quase secando) deve ser há uns 200km do casebre (de barro) e o poço onde se retira a água deve estar seco há séculos também. Nessa hora dá até pra parar de reclamar um bucado.

Mas que tá calor demais, isso tá.

Mas uma chuvinha daquelas vem aí, se Deus quiser. ...read more ⇒