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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Valeu a pena?

Em três semanas, dois estupros. Daqueles avassaladores, de querer matar com crueldade o bastardo. O local dos crimes era próximo, uma mata atrás da recém-inaugurada boate, na área nobre da cidade.

Os consumidores da região eram patricinhas e mauricinhos, filhos da papai, mamãe, titia e vovó, sem trabalho, um período aqui, outro ali, aquela vida boa. Carro do ano, várias cédulas á disposição e 'pagação' de tenho isso e aquilo eram os detalhes.

O caráter e atitude soberba eram os piores, de revoltar qualquer pessoa com resquícios de humildade. Casa noturna com movimento intenso, inclusive nos dias de semana. A compensação do alto investimento aconteceria em poucos meses.

Nos 20 dias que ali estava prestando seus serviços de manobrista, foram 84 perguntas não respondidas. Fez questão de contar. O que mais doeu não foi o silêncio e sim a atitude, a soberta e presunção. O pequeno bigode ralo e a pele escura espantavam com facilidade qualquer daquelas garotas, mais que interessados em um figura paradoxal, branco, rico e cheio de vantagens.

Não suportou e tomou a decisão: a vagabunda que já havia ido duas vezes em uma semana seria a primeira a receber a sentença. Mesmo sabendo que ela não responderia a nenhuma pergunta, a acompanhou até o carro, no sábado seguinte. As perguntas eram simples, sem ofensas.

Por sorte, o carro estava longe da entrada da casa. Aproveitou a distância para empurrar a garota e levá-la ao matagal. Saiu apressado, sem rumo. A garota, sem vida, ficou ali até prenderem o criminoso, depois do segundo ato.

Nunca mais esqueceria a expressão das garotas no momento do crime. Assim como não esqueceria, tão cedo, as marcas físicas e psicológica que receberia, nos próximos 25 anos, dos 'companheiros' de prisão. ...read more ⇒
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domingo, 26 de junho de 2011

Mudança de vida

Apesar das brigas constantes, a maioria por causa de dinheiro, nunca havia agredido a esposa. Consumidora compulsiva, gastava todas as economias de final de ano semanas depois do Natal, quando os preços de todas as lojas de roupas diminuíam.

O que poderia ser guardado para gastos essenciais ia por água abaixo, todos os anos. No quinto ano consecutivo, não suportou: deu-lhe um belo de um tapa na cara. A mulher caiu atordoada, mão no rosto, olhar incrédulo. Sem pensar duas vezes, foi à delegacia mais próxima. Fez uma ocorrência e saiu de casa na mesma noite. Não aceitou a agressão e decidiu separar-se imediatamente. Era o começo do fim.

Os dois anos seguintes foram de lutas judiciais infindáveis, com divisão de bens e investimentos e seguidas dores de cabeça. No final das contas, quase tudo do marido por perdido para a esposa revoltada.

Os seus caprichos, ela entendia. Cerveja e futebol com os amigos, jogos na TV e por aí vai. Em seu único capricho, ela não foi respeitada.

Os valores eram bem diferentes, isso era verdade, mas foi um impulso e uma falta de paciência além da conta, que o fizeram perder a mulher, o dinheiro, as economias, isso tudo com apenas cinco anos juntos. Era bem possível tentar resolver de outra forma, mas não conseguia suportar mais a falta de controle.

Sem dinheiro e falido, mudou de vida. Largou o emprego de funcionário público e foi rumo ao litoral da Bahia, onde conhecia um antigo amigo, que o abrigou por pouco tempo. Vendendo côco na praia, conseguiu alugar um pequeno barraco e começar a tocar a vida de um jeito que nunca havia pensado.

Tinha pouco, mas tinha tudo. Na comunidade, todos se ajudavam. Ainda Com uma nova realidade e filosofia de vida, agradeceu aos céus pelo tapa que o fez deixar tudo aquilo que lhe deixava infeliz, mesmo sem saber. Foi o começo de um novo início. ...read more ⇒