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domingo, 4 de novembro de 2012

Cemitério de anões


Formado e desempregado, pai e separado, vivia no limite há anos. Poucos bens, como um carro de 12 anos de usado e algumas felicidades, como ir ver o time no estádio com os amigos.

Tinha, ainda, um imóvel. Um lote herdado pelo pai, há mais de 20 anos. Sempre pensou em fazer algo dali, mas a condição financeira e a preguiça só de imaginar no trabalho que aquilo daria impediam.

Mas foi em um desses jogos de futebol que veio a inspiração. Instantes antes da partida começar, o pequeno mascote cai duro no gramado. Entradas do time atrasadas, resgaste na ambulância e a notícia lá pelo final do jogo: o anão morrera, mal súbito bravo.

No dia seguinte, ouviu no rádio sobre a dificuldade da família em achar um cemitério de anões. Não havia nenhum na cidade e o mais próximo exigiria muito dinheiro dos entes queridos.

Não soube o que se sucedeu com o finado mascote, mas sabe que foi ele o causador da reviravolta em sua vida financeira.

Um mês depois do fatídico jogo, tomou a iniciativa de pedir um empréstimo e começar a limpeza do lote, que seria o primeiro e único cemitério da cidade exclusivo de anões.

Apesar de pequeno, o local comportava bem uma capela, um único local para velório e um bom jardim, com algumas árvores e sombras. A rotatividade de 'clientes' não era alta, mas o valor cobrado superava o custo que as famílias da cidade, com alto índice de pessoas daquela estatura, costumavam gastar para transporte e toda a produção de um funeral decente.

Ficou rico e não teve dificuldades para comprar o lote ao lado, quando 1200 caixões ocupavam todo espaço. Virou notícia de revista e jornal e sempre citava o episódio como inspiração de sua mudança. ...read more ⇒