Este é apenas um relato de tudo que vi e senti durante a cobertura de ontem. Longe de mim ser o dono da verdade...
Antes mesmo de sair da redação, já sentia que eu entraria no olho do furacão. Talvez um faro de jornalista, que ainda será desenvolvido mais ainda ao longo dos anos. Não deu outra.
Minha função inicial era cobrir o trânsito e entrevistar quem estava parado em carros e ônibus por causa da manifestação. A maioria era a favor de tudo, por mais que aquilo os atrapalhasse momentaneamente. Depois disso, não tinha outro jeito, a não ser acompanhar de perto tudo que acontecia.
No meio de toda a multidão, admito que senti orgulho de fazer parte daquilo, mesmo sem ser um dos manifestantes. Ver o povo na rua, lutando por direitos e melhorias é bonito demais. Depois de serem impedidos de continuar e aguardarem, a PM cedeu e deixou o povo continuar caminhando. Foi um grito de vitória aquele momento. Vi gente se abraçando, como se fosse um gol.
Na sequência, todos cantando o hino nacional. Foi de arrepiar.
Em seguida, em frente à UFMG, novo impedimento. Em conversa com o Tenente Coronel Alberto Luiz, depois das confusões, ele garantiu que a PM cederia novamente,
mas algumas pessoas que se auto-intitularam líderes, como professores, afirmaram quem não esperariam mais e partiriam pra cima. Dito e feito e começou toda a confusão.
De um lado, o povo, instalando uma barreira de fogo e atirando paus e pedras. Do outro, a PM, com bombas de efeito moral, gás lacrimogênio e balas de borracha. Sobrou até pra mim, mas nada de grave. Vi que estava, de verdade, no olho do furacão. Muita correria e algumas depredações, que logo eram vaiadas pela maioria.
Ainda continuo sem entender porque alguns cobrem o rosto. Parecem que vão com segundas intenções.
Outra impressão que tive foi a de que falta algum líder para negociar. Vi alguns tomando partido e sendo ouvidos, mas alguns representantes precisam ser definidos, até para que se estabeleça um foco.
Muitos pareciam estar ali sem muito motivo, apenas para fazer parte. É preciso saber pelo o que se está protestando.
Um dos momentos marcantes foi quando a Coronel Cláudia tentou ser agredida por alguns manifestantes. Outros conseguiram impedir e fizeram um cordão de isolamento, até um lugar mais seguro.
Os gritos de 'Sem violência!" ainda ecoam na minha cabeça. Me pego cantando isso do nada, como se fosse uma música daquelas que gruda e não sai mais.
Acho os protestos válidos e sou a favor de tudo de forma pacífica. Uma ação vai gerar reação e, a partir daí, perde-se a razão e a possibilidade e diálogo e negociação. O que poderia estar perto, fica distante. Não compensa, por maior que seja a revolta. Rebelar-se não vai adiantar, pode ter certeza.
Torço por mais protestos e muitas mudanças. Mas o foco precisa ser definido, por mais que tantas coisas incomodem a todos nós.
O momento é agora, esta é uma das certezas que tenho. A visibilidade está garantida, todos os olhos estão voltados para o Brasil.
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Minha função inicial era cobrir o trânsito e entrevistar quem estava parado em carros e ônibus por causa da manifestação. A maioria era a favor de tudo, por mais que aquilo os atrapalhasse momentaneamente. Depois disso, não tinha outro jeito, a não ser acompanhar de perto tudo que acontecia.
No meio de toda a multidão, admito que senti orgulho de fazer parte daquilo, mesmo sem ser um dos manifestantes. Ver o povo na rua, lutando por direitos e melhorias é bonito demais. Depois de serem impedidos de continuar e aguardarem, a PM cedeu e deixou o povo continuar caminhando. Foi um grito de vitória aquele momento. Vi gente se abraçando, como se fosse um gol.
Na sequência, todos cantando o hino nacional. Foi de arrepiar.
Em seguida, em frente à UFMG, novo impedimento. Em conversa com o Tenente Coronel Alberto Luiz, depois das confusões, ele garantiu que a PM cederia novamente,
mas algumas pessoas que se auto-intitularam líderes, como professores, afirmaram quem não esperariam mais e partiriam pra cima. Dito e feito e começou toda a confusão.
De um lado, o povo, instalando uma barreira de fogo e atirando paus e pedras. Do outro, a PM, com bombas de efeito moral, gás lacrimogênio e balas de borracha. Sobrou até pra mim, mas nada de grave. Vi que estava, de verdade, no olho do furacão. Muita correria e algumas depredações, que logo eram vaiadas pela maioria.
Ainda continuo sem entender porque alguns cobrem o rosto. Parecem que vão com segundas intenções.
Outra impressão que tive foi a de que falta algum líder para negociar. Vi alguns tomando partido e sendo ouvidos, mas alguns representantes precisam ser definidos, até para que se estabeleça um foco.
Muitos pareciam estar ali sem muito motivo, apenas para fazer parte. É preciso saber pelo o que se está protestando.
Um dos momentos marcantes foi quando a Coronel Cláudia tentou ser agredida por alguns manifestantes. Outros conseguiram impedir e fizeram um cordão de isolamento, até um lugar mais seguro.
Os gritos de 'Sem violência!" ainda ecoam na minha cabeça. Me pego cantando isso do nada, como se fosse uma música daquelas que gruda e não sai mais.
Acho os protestos válidos e sou a favor de tudo de forma pacífica. Uma ação vai gerar reação e, a partir daí, perde-se a razão e a possibilidade e diálogo e negociação. O que poderia estar perto, fica distante. Não compensa, por maior que seja a revolta. Rebelar-se não vai adiantar, pode ter certeza.
Torço por mais protestos e muitas mudanças. Mas o foco precisa ser definido, por mais que tantas coisas incomodem a todos nós.
O momento é agora, esta é uma das certezas que tenho. A visibilidade está garantida, todos os olhos estão voltados para o Brasil.