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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Palhaço Corrosivo

A vida boa que ele tinha, era rara. Casa na praia, iate, comida da melhor qualidade. Mas sua forma de fazer dinheiro era incomum: palhaço dos bons, profissão que havia herdado do pai.

Ainda novo, acompanhava o genitor em suas apresentações e pôde aprender muito. Mas foi além disso. Incorporou seu próprio espírito e se tornou o palhaço mais querido e requisitado do país. Shows, eventos e festas infantis eram constantes. O cachê era alto, compensava.

O carisma que tinha com os pequenos era único. Contava piadas, fazia caretas e fazia todos rirem. Os contratantes diziam que o preço pago valia a pena só de ver o rosto estampado em todos os presentes.

Atrás das cortinas, desfigurava-se. Mau humor em pessoa, reclamava de tudo que podia. Nada estava bom, a insatisfação era constante. "Cadê a porra do whisky?" e "vamos embora!" eram seus pedidos mais recorrentes.

Quem presenciava os bastidores, não acreditava. Muitos empresários sabiam da postura, mas pagavam pela competência.

A irritação, não se sabe como, sumia nas performances. Não havia nem vestígio do real personagem de minutos antes.

Em ninguém, além das crianças, batia a imensa saudade do Palhaço Corrosivo.

1 comentários:

Rute Ferreira disse...

Todo mundo é um pouco "Palhaço Corrosivo"...