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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Ele é ruim e está em um péssimo momento

Jogador mais rodado que ele, eram poucos. Pelo menos no Brasil. Mas mesmo assim se sentia um recordista. Eram exatos 30 anos de bola. Aprendeu com 10, profissionalizou-se com 16 e aos 19 já era titular. Veio seleção, o auge, a fama, a regularidade, a queda, as críticas e o reconhecimento por parte de poucos.

Já tinha visto de tudo, desde esposa invadindo concentração a porrada na cara depois de goleada em clássico, dentro do vestiário.Uma das melhores histórias era do jogador que sempre se mostrava inseguro, vomitava antes de todo jogo contra o maio rival. Era tiro e queda. A água despejada acabava com a energia da figura, que já era ruim de bola.

Já tinha jogado com traíra e com jogador que virou irmão. Conheceu esposa no futebol, assim como amante e hoje noiva. Descobriu que o mundo do futebol também dá voltas. Ali era sua vida e poucas vezes tinha percebido naqueles que eram sua companhia constante, ano após ano. Comentaristas, cronistas, repórteres, narradores e locutores. Os jornalistas formados que estudaram quatro anos em alguma faculdade e tinham, assim como ele, o futebol como profissão e meio de vida.

Adorava a chamada imprensa quando era mais novo e começou a aparecer. Ajudavam-no a aparecer e ganhar nome. Às vezes, queria mais aparecer do que jogar. Fama, sucesso, tudo aquilo era sonho desde garoto.

Mas depois aquela turma começou a encher o saco, querendo demais, isso e aquilo. Os anos foram passando e o saco enchendo. Até que estourou. Teve um atrito com um repórter na boca do túnel. Jogou o cara escada abaixo, com uma dezena de pessoas se embolando atrás. Acabou que tudo ficou no disse me disse.

Mas nunca tinha parado para ver, escutar ou ler sobre o futebol, sobre tudo que aquele monte de gente tinha pra falar. Tudo que pensavam e os fazia refletir. Seus interesses e anseios. Em alguns, dava para perceber facilmente para o time que torciam.

Já tinha sido fonte de algumas matérias e personagem de algumas reportagens e tinha até visto o resultado, ficou legal. Mas acompanhar o trabalho nunca lhe passou pela cabeça. Até que ouviu um comentarista, daqueles superrespeitados, falar que ele não era mais o mesmo, que era ruim e estava em um péssimo momento. Era engraçado, se não fosse com ele. Mas conseguiu achar graça, era até verdade.

Seu futebol já não era o mesmo dos tempos em que foi revelado, tornara-se um jogador comum, até desnecessário. Começou a reparar mais nos comentários, narrações e matérias e começou a tomar gosto.

Voltou às manchetes por sempre citar matérias que tinha visto e lido, dando sua opinião, concordando ou não com o teor usado. Justificava os argumentos, repudiava os excessos e enaltecia as homenagens. Tudo sem cursar um semestre de jornalismo.

Virou comentarista e sempre apresentava aquela expressão que ouvira e nunca lhe saíra da memória: ele é ruim e está em um péssimo momento. Com a decadência do futebol, aquilo era a mais pura verdade. E sempre colava. ...read more ⇒
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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Pela última vez

Fazia terapia há exatos 11 anos. Medos de infância, receios, vontades, pensamentos, tudo o que passava pela cabeça, ele falava, como o próprio profissional orientara.

Todas as sessões haviam ajudado muito, superou várias barreiras que nem imaginou que existia e outras que pareciam intransponíveis.

Mas chegou uma hora em que achava que não dava mais. Não adiantava. Foi bom enquanto durou, mas já tinha dado.

Achou a pessoa certa depois de várias tentativas. Terapeuta não é coisa fácil de se achar. A pessoa deve entender, respeitar, consentir, discordar e orientar, tudo isso de um jeito que não agrida o paciente, que o deixe à vontade, mesmo no meio de tantas informações e sensações.

O doutor já o ajudara além da conta, fora um excelente ouvinte, um conselheiro melhor ainda. Parecia que ele colocava uma boa dose de luz no caminho, deixando tudo mais claro e fácil de ser percorrido. Fora o único entre tantas tentativas. E olha que ele quase virou mais um número. Uma insistência de três meses acabou fazendo a diferença e alertando-o sobre a escolha, que quase lhe escapou por entre os dedos.

Parecia que o terapeuta sabia que aqueles três meses eram decisivos. Fez tudo de um jeito muito diferente a partir dali. Talvez os assuntos abordados desde então o motivaram a isso, vai saber...

Mas não dava mais. Apesar da boa relação, não criou coragem de ir e dar o recado pessoalmente. Mais um medo não superado.

Qual o problema de ir lá e encarar a situação? Não dava, preferiu ligar. Ligou, ninguém atendeu. Caixa postal.

Início do recado: "Doutor, sou eu. Vou ser breve. Não dá mais para mim. Não quero mais me consultar com o senhor. Me desculpe. Acho que foi bom, mas não quero mais. O senhor é um ótimo profissional, tenho certeza que faz milagre com muita gente maluca por aí, bem diferente de mim. Eu não sou maluco. Te procurei porque me sentia mal e muita coisa começou a aparecer. Mas doido eu não sou..."

Continou falando por mais 34 minutos. Uma das melhores consultas que tivera. Falando, falando, falando, sem ninguém o interromper, mas também sem ninguém pra olhar lá no fundo do olho.

Falou de tudo, da vida, da morte, do sexo, dele, da famíia, ex-esposa e filha. Do time do coração, da feijoada, do rock e do pub. Da avó, da madrasta e do tio.

Aquela ligação era a última consulta. Fora um desabafo final de tudo e o fizera, sem saber, esquecer o motivo da ligação. ...read more ⇒
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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Misteriosos e esquisitos

Não passavam dois dias seguidos sem que ele deixasse de ver uma das duas figuras emblemáticas e misteriosas do bairro. Um senhor, que devia beirar os 80 anos, boina cinza já desgastada, calça cáqui, camisa e jaqueta e um problema na coluna que o obrigava a olhar para baixo o tempo todo, como se estivesse procurando por alguma coisa. Pelo menos foi essa a impressão passada quando foi visto pela primeira vez. A lesão devia ser séria.

Para observar alguém, tinha que se afastar. Desta forma, conseguia fazer contato visual levantando só um pouco o pescoço, o que devia ser um belo de um esforço para alguém com idade já avançada e com a coluna quase em pedaços.

Um vez, o viu no canteiro central e atravessou a rua para se aproximar. Automaticamente, o senhor foi em direção contrária, como que fugindo de qualquer tipo de contato.

Sempre carregando um saquinho plástico, andava sempre pelo canteiro central da avenida. Por ali, era figurinha carimbada. O que ele carregava naquele saquinho era um mistério, assim como seu local de residência.

Mistério maior foi quando foi visto do outro lado da cidade. Como ele parou ali e pra quê? Tudo bem andar de um lado para o outro no bairro. Devia ter seus motivos. Mas a sua presença bem distante do seu 'habitat' foi, no mínimo, diferente.

A outra figura tinha alguns anos a menos e era do sexo feminino. Cara fechada, sandália de pano no fim de uso, cabeça coberta por uma espécie de toca, que parecia ter sido toda queimada. Quando se aproximava, era possível perceber que usava, ainda, algo por debaixo do pano marcado pelo fogo. Tinha uma cara fechada e também carregava um saco na mão, com conteúdo desconhecido.

Suas roupas pareciam velhos trapos, mas pelo menos sabia onde ela residia. Uma enorme casa na esquina de baixo da rua. Apesar do tamanho e da ótima localização, a casa era mais que abandonada. Quem passava na porta, custava a reparar no imóvel, coberto por árvores e grades enferrujadas.

Um dia teve a oportunidade de ver, de um prédio ao lado, a casa, por cima. Era realmente enorme, cheia de cômodos, três andares. Mas tudo parecia estar esquecido. Janelas quebradas, quartos sem portas e muita sujeira. Como alguém poderia viver ali?

Toda vez que via os dois, ficava numa dúvida constante sobre tanta coisa que chamava sua atenção. Eram duas figuras bem esquisitas. Nunca os vira conversando com ninguém.

Passou anos naquela dúvida até que viu o senhor, muito tempo depois, entrar na casa abandonada. À sua espera, no portão, a velha com cara fechada e os dois com o bendito saquinho na mão. Quem diria que os dois moravam juntos? Ou seria apenas uma visita?

Ficou ainda mais curioso em saber se tratava-se de um casal feliz ou se eram apenas conhecidos e ligados pela loucura. A história de vida de cada um não devia ser muito boa, já tendo o atual momento como desfecho.

Torcia, pelo menos, para eles serem felizes naquele momento. Apesar dela não transparecer e ser pouco possível, era o que parecia restar ao dois, idosos e esquisitos, misteriosos com seus saquinhos sempre cheios de não sei o quê. ...read more ⇒
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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Palhaço Corrosivo

A vida boa que ele tinha, era rara. Casa na praia, iate, comida da melhor qualidade. Mas sua forma de fazer dinheiro era incomum: palhaço dos bons, profissão que havia herdado do pai.

Ainda novo, acompanhava o genitor em suas apresentações e pôde aprender muito. Mas foi além disso. Incorporou seu próprio espírito e se tornou o palhaço mais querido e requisitado do país. Shows, eventos e festas infantis eram constantes. O cachê era alto, compensava.

O carisma que tinha com os pequenos era único. Contava piadas, fazia caretas e fazia todos rirem. Os contratantes diziam que o preço pago valia a pena só de ver o rosto estampado em todos os presentes.

Atrás das cortinas, desfigurava-se. Mau humor em pessoa, reclamava de tudo que podia. Nada estava bom, a insatisfação era constante. "Cadê a porra do whisky?" e "vamos embora!" eram seus pedidos mais recorrentes.

Quem presenciava os bastidores, não acreditava. Muitos empresários sabiam da postura, mas pagavam pela competência.

A irritação, não se sabe como, sumia nas performances. Não havia nem vestígio do real personagem de minutos antes.

Em ninguém, além das crianças, batia a imensa saudade do Palhaço Corrosivo. ...read more ⇒
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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Mudança bem-vinda

Felicidade que durou pouco e já se transformou em rotina. Há duas semanas, sou repórter de esportes do jornal O Tempo. Deixo o programa diário Jogada de Classe, da TV Horizonte, onde fazia de tudo, já que a equipe era formada por uma única pessoa.

A experiência foi sensacional. Cheguei de um jeito e saí com conhecimento e experiência na bagagem. A pequena estrutura dificultava, mas compensava quando tudo dava certo. Trabalhar com TV é outro ritmo, principalmente quando se faz ao-vivo.

No jornal, é diferente. A facilidade para escrever contribui muito no trabalho.

O cavalo passsou montado e já era hora.

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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Paixão de torcedor não passa assim

Torcedor fanático desde criança, percebeu na pré-adolescência que seria feliz fazendo o que gostava. Qualquer coisa no meio do futebol já seria válida. Pensou em Educação Física, Direito, Nutrição. Quando lembrou de Jornalismo e da facilidade que tinha para escrever e se comunicar, tomou a decisão que parecia mais acertada.

Na faculdade, teve dificuldade para conseguir um estágio. Ser colaborar de blogs esportivos foi o máximo que conseguiu. Continuava, fervorosamente, acompanhando o time do coração. Parava tudo que fazia para estar na frente da TV, vendo os jogos, discutindo escalação, esquema tático e contratações com os eternos companheiros de torcida.

Aos poucos, percebeu que mesmo nos seus comentários bloguísticos, não poderia externar toda a ‘doença’ que sentia. Seria demais e aquilo não cairia bem para quem queria ser visto como profissional. Conseguiu amenizar a paixão nos comentários e críticas, mas não suportava ver derrota atrás de derrota, sem se deixar abater.

Nos textos, emitia opiniões resumidas, sucintas, fazendo colocações pontuais e precisas. Mas no sentimento, o que acontecia era diferente. A má fase do time, que persistia em continuar há quase 11 meses, não passava e aquilo influenciava diretamente no seu dia-a-dia. O sono não era o mesmo, o humor também era afetado. Muitas vezes tinha que ser convencido por amigos, namorada e familiares que todo aquele desgosto não valia a pena.

Jogadores que ganhavam milhões não produziam o mínimo para o salário que ganhavam, bem distante do seu desempenho. Sabia muito bem de tudo isso, mas a paixão era demais. Não conseguia entender como muito pouco era mostrado por cada um daqueles contratados. Muitos ali haviam sido selecionados a dedo pelo presidente no momento da contratação. Disputas ferrenhas com outros clubes aconteceram para que aquelas peças estivessem à disposição do treinador com maior número de títulos no país.

Mas nada daquilo adiantava. Um CT de dar inveja a muitos clubes, um treinador de ponta, investimentos altos, jogadores renomados. As vitórias não apareciam. E insistiriam a não aparecer enquanto alguma providência drástica não fosse tomada.

Nesse meio tempo, conseguiu um bom emprego. Uma emissora de TV precisava de alguém apaixonado e envolvido com o futebol. A função era de produtor assistente: conseguir matérias, entrevistas, imagens e tudo que ia para o ar. Um emprego desejado por muitos, principalmente por ele, desde que tomou a decisão de trabalhar no meio do jornalismo esportivo.

Mas o time mantinha o mau desempenho. O emprego seria uma ótima oportunidade para deixar o baixo astral de lado. Focar no trabalho e esquecer a vergonhosa campanha era o conselho de todos que percebia, facilmente, que ele ainda não estava bem. Mas o time agora estava presente no seu cotidiano profissional. O que era pra ser uma válvula de escape, aflorou ainda mais o sentimento de revolta.

De nada adiantavam as longas conversas com a companheira de sete anos e os bate-papos com os amigos. Muitos destes já haviam se desapegado do time. Faziam questão de ver os jogos juntos, mais pela oportunidade de estar entre amigos do que pelo time, que não merecia nada, nem um ingresso na parte mais barata do estádio.

Afetado pela eterna má fase, manteve o emprego enquanto pôde. Chegou em uma situação de não cumprir mais os prazos estipulados e ver seu rendimento cair drasticamente. O chefe suportou enquanto pôde. A demissão foi questão de tempo.

Desempregado e cada vez mais sem esperança, conseguiu se desapegar de tudo quando uma nova oportunidade surgiu nas férias na Bahia: trabalhar em uma pousada no litoral. O dinheiro era bom e o lugar paradisíaco. Mas ali, não havia internet, time de futebol ou cidade grande. Era tudo muito simples e prático. Levou a namorada para lá, o salário daria muito bem para os dois.

Desapegou de tudo e pôde, finalmente, ser feliz. Pelo menos aparentemente. Conseguia estar tranquilo e fazer bem o seu trabalho. Mas os pensamentos no time sempre apareciam, queria saber como andava tudo por lá, se a má fase fora embora. Mas não chegava a comentar esta vontade.

O ambiente diferente era tudo que precisava para desapegar, pelo menos em parte, do time que foi tão importante na infância. Lá no fundo, o time nunca havia sido esquecido. Paixão de torcedor não passa assim.
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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Repórter solitária, queria mesmo era ter amigos de verdade

Quem via de longe, achava que eram duas mil maravilhas. Trabalhar em TV de grande porte, viagens constantes, um bom salário, estar em alta no mercado.

O lugar que chegou era alto, sempre foi o foco. Começou na TV do bairro, passou pela da faculdade e foi crescendo. Cansou de engolir sapos (que aconteciam até hoje) e tomar porta na cara. Ficou desempregada algumas vezes, pensou em mudar de ramo, mas persistiu, batalhou, prosperou.

Quando via tudo isso, ficava feliz demais. Mas esse demais era pouco. Era quase tudo que tinha. A convivência e o calor humano eram o que faltavam. Depois de um noivado fracassado de dois anos, tudo terminou na hora certa, seria pior continuar. Amigos, dois, somente. Um morava em São Paulo. Jornalista competente, há alguns anos por lá. Quem sobrou era uma antiga colega de faculdade, também já não a via há meses.

Com os colegas de TV, tudo muito profissional. De casa para o trabalho e vice-versa, sem muito happy hour. Poucos sabiam da rotina esmagante pra manter o corpo e o visual em forma. Aparecer na TV não é fácil. Acordava às 6h pra natação, academia e pilates, em dias diferentes. O trabalho começava ao meio dia e ia até a hora que acabasse. A rotina era dura, mas prazerosa. O trabalho era tudo que tinha.

No Facebook, era um sucesso. Cheia de 'amigos', curtições e pedidos de amizade. No fundo, aquilo ali valia pouco. Quando muitos comentavam que sua profissão era a melhor do mundo, só pensava uma coisa: "Grandes bostas". Queria mesmo era ser feliz e ter amigos de verdade. ...read more ⇒
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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Seu Saliva

Seu Saliva era um senhor de 68 anos, turco, que chegou ao Brasil depois da 2ª guerra, acompanhado da família, fugindo da babilônia. Tinha uma pequena venda embaixo de casa, nada lucrativo, apenas mantenedor. Figura carismática do bairro, era o morador mais antigo dali, há exatos 27 primaveras.

Apesar de querido, Seu Saliva tinha um defeito terrível: falava cuspindo. Não conseguia proferir palavras em seco, jamais. Pelo menos 1 ml 'de lambuja' era proferido pelo nosso personagem.

Aquilo incomodava a todos. Ninguém suportava conversar com Seu Saliva. Quando acontecia, distância era a regra número um. Um aceno de longe, do outro lado da rua, era recomendável. Apesar da boa praça de Seu Saliva, existia limite pra tudo.

No bairro, já era assunto conhecido e falado desde sua chegada. No começo, diziam, era bem pior. Depois de velho, não conversava mais como antigamente, jovem e casado.

O defeito (e apelido) de Seu Saliva só não era (re) conhecido por ele mesmo. A turma do bairro falava com todos, menos com o detentor da proeza difícil de se ver. O aproveitamento do turco era de quase 100%. Nem mesmo a esposa comentava, quanto mais os outros. A dedicação da vizinhança em manter o segredo era impressionante.

Em um aniversário, uma estrangeira distinta, amiga de seu neto, conheceu Seu Saliva de perto. De tão perto, que ficou metade do rosto molhado. Gritou palavras altas e indecifráveis, porém de baixo calão, com certeza. Olhou para o velho como se tivesse cometido um crime até a festa inteira parar.

Ainda aprendendo o português, errou quando disse 'esse seu saliva tá difícil', em alto e bom som, facilmente compreendido por quem estava perto. Limpou o rosto enquanto uns riram, outros não. Sem graça, viu-se em volta do primeiro constrangimento internacional.

Seu Saliva conseguiu ficar mais sem graça do que a ingrata visita. No espelho do banheiro, impressionou-se. Quando voltou, sugeriu um novo apelido para si mesmo: Seu Saliva, em homenagem ao equívoco verbal e a seu distúrbio, que virou motivo de piada pública, depois de longo tabu.

* em homenagem à amiga Malin Sjöstrand ...read more ⇒
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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Amor de mãe o segurou

Insegurança, dúvida, medo. Tudo isso em doses cavalares, presentes a todo momento. Não sabia o que seria da sua vida em um ano, quanto mais em cinco. Todo e qualquer esforço parecia não valer a pena. Fazia tudo da melhor forma possível, apesar da impaciência e mau humor baterem constantemente à sua porta. O diploma parecia não valer de nada.

Teimava em confiar naquela máxima de que 'o trabalho dignifica o homem' ou quem sabe, 'uma hora a coisa vai'. Confiava e esperava, mas nada acontecia. O aguardo parecia uma constante, que nunca ia embora, apesar de esforços em busca de alguma mudança.

O incômodo era grande, repetia para si mesmo que não merecia aquilo tudo. A insatisfação aparecia de diferentes formas. Até quando tudo parecia estar em ordem, ele conseguia ver algum aspecto que podia ser melhorado, se distanciando ainda mais de algum resquício de felicidade que pudesse minimizar tanto sofrimento.

Não era a primeira vez que pensava em deixar tudo de lado. Acabar com tudo, da forma mais rápida possível. Deixaria muitos de lado, desapontaria outros tantos, que ficariam até o final de suas vidas tentando entender o porquê de um ato tão pensando e tão difícil de se criar coragem. Mas seria melhor. Todo o sofrimento acabaria, toda a angústia iria embora, nenhum daqueles incômodos voltaria a lhe perseguir.

Pensou na melhor estratégia. No final, tudo daria na mesma. Um velório cercado de gente incrédula, se perguntando 'como pôde' e sem conseguir deixar de lado tudo que ele ainda teria pela frente. Mal havia chegado à casa dos trinta anos. Tudo bem que as coisas não iam bem, mas o caminho era longo, muita coisa boa, com certeza, lhe aguardava. Podia demorar para tudo entrar no eixo, mas sem dúvida, as coisas melhorariam para ele, era uma questão de tempo.

Resolveu jogar tudo fora e deixar toda aquele gente para tras. Covardia para alguns, solução para outros, que conseguiam entender um pouco de tudo aquilo que o motivou. Estes o conheciam bem e sabiam da sua pressa para que tudo se acertasse o quanto antes. Sabiam no tanto que ele desejava ter um pouco mais de tranquilidade, não se sentir tão para baixo, ainda mais quando comparava sua situação com tantos outros a seu redor, muitos mais novos, o que o deixava ainda mais chateado.

Um tiro na cabeça bastaria. Rápido e indolor. Poucos minutos antes, pensou em tudo aquilo que o rodeava. Um filme surgiu, logo desapareceu. Um clique para acabar com tudo, deixar o mundo para tras, quem sabe conhecer um outro lado.

Pensou logo nas pessoas mais próximas. Seria justo o sofrimento a ser despertado? Claro que não, quando o mundo teve justiça? O amor de mãe o segurou pelas mãos, o puxou de lado e o fez crer que nada daquilo valeria, não ajudaria em nada.

Guardou a arma na gaveta e deixou o cômodo. O amor de mãe o segurou. ...read more ⇒
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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Décio Gentil

Décio era, de longe, um daqueles zagueiros de várzea clássicos. Negro, 1,82m, aquela saúde toda. Em campo, não dava moleza. Ganhava tudo por cima e por baixo tinha um senso de posicionamento incrível. Já tinha feito testes em alguns clubes, mas depois de insucessos, desistiu de vez. Gostava mesmo era dos campos de terra, da cerveja sem compromisso com os amigos no pós-bola e de sair de campo sabendo que jogou bem.

A diferença de Décio estava no vocabulário. Estudou até o segundo grau e sempre gostou de ler. Quando muitos achavam que, contras os atacantes, saíam somente palavrões, o que se ouvia eram expressões precisas sem nenhum baixo calão. 'Discordo, professor', 'muito bem, seu bandeira' e 'com licença' eram comuns. Em pouco tempo de várzea, recebeu a alcunha de Gentil. Décio Gentil. Um dos maiores zagueiros que a várzea já viu. ...read more ⇒
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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Valeu a pena?

Em três semanas, dois estupros. Daqueles avassaladores, de querer matar com crueldade o bastardo. O local dos crimes era próximo, uma mata atrás da recém-inaugurada boate, na área nobre da cidade.

Os consumidores da região eram patricinhas e mauricinhos, filhos da papai, mamãe, titia e vovó, sem trabalho, um período aqui, outro ali, aquela vida boa. Carro do ano, várias cédulas á disposição e 'pagação' de tenho isso e aquilo eram os detalhes.

O caráter e atitude soberba eram os piores, de revoltar qualquer pessoa com resquícios de humildade. Casa noturna com movimento intenso, inclusive nos dias de semana. A compensação do alto investimento aconteceria em poucos meses.

Nos 20 dias que ali estava prestando seus serviços de manobrista, foram 84 perguntas não respondidas. Fez questão de contar. O que mais doeu não foi o silêncio e sim a atitude, a soberta e presunção. O pequeno bigode ralo e a pele escura espantavam com facilidade qualquer daquelas garotas, mais que interessados em um figura paradoxal, branco, rico e cheio de vantagens.

Não suportou e tomou a decisão: a vagabunda que já havia ido duas vezes em uma semana seria a primeira a receber a sentença. Mesmo sabendo que ela não responderia a nenhuma pergunta, a acompanhou até o carro, no sábado seguinte. As perguntas eram simples, sem ofensas.

Por sorte, o carro estava longe da entrada da casa. Aproveitou a distância para empurrar a garota e levá-la ao matagal. Saiu apressado, sem rumo. A garota, sem vida, ficou ali até prenderem o criminoso, depois do segundo ato.

Nunca mais esqueceria a expressão das garotas no momento do crime. Assim como não esqueceria, tão cedo, as marcas físicas e psicológica que receberia, nos próximos 25 anos, dos 'companheiros' de prisão. ...read more ⇒
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domingo, 26 de junho de 2011

Mudança de vida

Apesar das brigas constantes, a maioria por causa de dinheiro, nunca havia agredido a esposa. Consumidora compulsiva, gastava todas as economias de final de ano semanas depois do Natal, quando os preços de todas as lojas de roupas diminuíam.

O que poderia ser guardado para gastos essenciais ia por água abaixo, todos os anos. No quinto ano consecutivo, não suportou: deu-lhe um belo de um tapa na cara. A mulher caiu atordoada, mão no rosto, olhar incrédulo. Sem pensar duas vezes, foi à delegacia mais próxima. Fez uma ocorrência e saiu de casa na mesma noite. Não aceitou a agressão e decidiu separar-se imediatamente. Era o começo do fim.

Os dois anos seguintes foram de lutas judiciais infindáveis, com divisão de bens e investimentos e seguidas dores de cabeça. No final das contas, quase tudo do marido por perdido para a esposa revoltada.

Os seus caprichos, ela entendia. Cerveja e futebol com os amigos, jogos na TV e por aí vai. Em seu único capricho, ela não foi respeitada.

Os valores eram bem diferentes, isso era verdade, mas foi um impulso e uma falta de paciência além da conta, que o fizeram perder a mulher, o dinheiro, as economias, isso tudo com apenas cinco anos juntos. Era bem possível tentar resolver de outra forma, mas não conseguia suportar mais a falta de controle.

Sem dinheiro e falido, mudou de vida. Largou o emprego de funcionário público e foi rumo ao litoral da Bahia, onde conhecia um antigo amigo, que o abrigou por pouco tempo. Vendendo côco na praia, conseguiu alugar um pequeno barraco e começar a tocar a vida de um jeito que nunca havia pensado.

Tinha pouco, mas tinha tudo. Na comunidade, todos se ajudavam. Ainda Com uma nova realidade e filosofia de vida, agradeceu aos céus pelo tapa que o fez deixar tudo aquilo que lhe deixava infeliz, mesmo sem saber. Foi o começo de um novo início. ...read more ⇒
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terça-feira, 24 de maio de 2011

Não era pra ser

Se ele mesmo se achava tão esquisito, imagine os outros. Em sua lista de paranoias estavam não pisar em linhas na calçada, apagar 'bitucas' de cigarro acesas no chão, tentar ajudar alguém que parece perdido, mesmo podendo receber um resposta cretina e andar sempre do lado mais próximo da rua, quando estivesse acompanhado.

Não tinha a menor noção do que havia causado tantas manias, mas não conseguia controlá-las. Bastava andar na rua ao lado de alguém, que já ia pro lado mais perto da rua. Se visse 'bituca' no meio da rua, saía do passeio só para apagar, como se dali fosse nascer um belo incêndio urbano.

Um dia, seu pé foi pisado logo quando ia apagar a quinta 'bituca' do dia, um novo recorde. O grito foi silenciado ainda quando olhava para baixo e viu uma sandália linda mostrando dedos ainda mais atraentes. Os olhos verdes deixaram qualquer indício de raiva de lado. Ela também vinha apagando 'bitucas' há mais de 10 anos, desde que o pai morreu devido a um câncer.

Descobriram afinidades ainda enquanto um pedia desculpa ao outro. "Que isso imagina, deixa pra lá, também odeio Marlboro, fede demais" e por aí vai...

Mas ela não entendia quando ele insistia em trocar de lado quando andavam na rua. E também saía pisando em todas as linhas do passeio. Um absurdo!

Em poucos segundos, o que era um amor platônico se transformou em uma completa desilusão. Não era pra ser. ...read more ⇒
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segunda-feira, 9 de maio de 2011

Fumaça no pulmão dos outros é refresco!

Adorava tomar uma cerveja gelada, ainda mais em boa companhia. Com um bom papo, várias cervejas desciam, uma atrás da outra, e ele mal via, só aproveitando a conversa que parecia não ter fim. Um assunto era emendado em outro, que ia pra mais um, passando por confissões, piadas e alguns momentos de silêncio, também bem-vindos.

Mas nem tudo era perfeito. A hora do cigarrinho lhe incomodava demais. Uma fumaça tóxica e fedorenta que parecia lhe adorar, sempre ia em sua direção. Ficava impregnada no cabelo, na roupa e muitos juravam que era ele quem havia fumado há poucos instantes, tamanho odor que exalava. Mas tudo vinha de seu estimado companheiro, fumante assíduo há mais de 30 anos.

Havia deixado o cigarro ainda na adolescência. Se lembrava em como gostava de fumar um cigarro e tomar uma cerveja. Até o casamento de um amigo. Um porre daqueles, uma ressaca histórica e uma bela vontade de colocar tudo pra fora na manhã seguinte, quando foi acender o primeiro do dia. A partir dali, tomou nojo e não suportava mais cigarros.

Toda vez que sentia o cheiro, lembrava do gosto insuportável que ficava na boca, da mão com aquele cheiro de nicotina barata e das náuseas pós casório. "Nunca mais", prometeu para assim mesmo. No começo foi mais difícil, algumas situações pareciam implorar por inofensivos traguinhos naquele tabaco. Mas depois acostumou-se e já faziam mais de 20 anos que abandonara o vício. Dava graças pela sábia decisão.

E todas as vezes em que encontrava com o amigo para uma cerveja, lá estava ele com um maço no bolso da camisa, fechado e outro no bolso da calça, prestes a acabar. Era uma chaminé ambulante, era um atrás do outro, acendia o próximo na guimba do último. Insistia em falar para o amigo sobre os males e toda a história que todos já sabem, sem resultado algum. Quando um ou outro resolvia acompanhá-los, rezava para que não fossem fumantes.

Em um destes dias, eram quatro na mesa, três fumantes e ele ali, no meio daquele tiro cruzado, enfumaçado, sufocado por tanta coisa ruim de uma só vez. Preferiu se retirar enquantos os fumantes se deliciavam. Normalmente, os fumantes se retiram para darem seus prazerosos tragos. Mas como era minoria e o local era aberto, não teve opção. Saiu da mesa com seu copo de cerveja pela metade, foi dar uma volta, conhecer o bar já conhecido, conversar com um garçom ou outro, ver uma menina bonita aqui, outra ali, enquanto a turma entupia os pulmões de fumaça preta e cancerígena. "Já devo ter câncer de pulmão há muito tempo", pensou silenciosamente, tendo como referência o tempo que passou ao lado do amigo.

Costumava suportar a fumaça vinda de um único cigarro, mas não de três ao mesmo tempo. Ficava assustado em como os três nem se importavam com o incômodo que causavam. Nem se davam conta de que poderiam estar atrapalhando alguém. "Que se dane esse caretinha", deviam pensar.

Quando o quinto elemento da mesa chegou e colocou a mão no bolso, rezou para não ser uma maço de cigarro. Não deu outra. Não dava mais. Levantou e foi embora. "Eles que se virem com a conta", pensou com raiva. "A minha, do médico dos pulmões, sou eu que vou pagar". Bateu em retirada para nunca mais voltar. ...read more ⇒
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quarta-feira, 4 de maio de 2011

A primeira passagem a gente nunca esquece

É bobo e não é. Tem uma relevância, é um marco e ao mesmo tempo é tão comum e corriqueiro. Mas quando a gente vê pela primeira vez dá um orgulho danado, mesmo que ainda possa melhorar bastante.

A minha primeira passagem na televisão foi pro ar neste 3 de maio. Saiu depois de muitas tentativas, erros, acertos, testes e alguns toques no visual e indumentária. Imagem é tudo, já dizia alguma propaganda. E realmente faz muita diferença.

A passagem no ar foi como um artigo publicado, um texto na revista ou no jornal. Bem diferente do off e locução; estes parecem não ter muito'charme'. Não chamam tanto a atenção, apesar de ter uma importância equivalente para a matéria.

Ficou bom, mas a tendência é melhorar. Prática e força de vontade podem ajudar bastante. Uma coisa de cada vez, tudo na sua hora.

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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Vai pra onde, minha senhora?

Assim que desceu do ônibus, viu o rosto enrugado antes mesmo de colocar os pés no chão. Cabisbaixa, com um lenço na cabeça, miúda, pequena, quase nada. Passa desapercebida para muitos, que andam logo ali tão apressados, sem dar atenção para o lado.

Tentava enxergar os ônibus, de longe, com dificuldade. A cor e os destinos passavam batido. Sua rota era Macaxeiras. "Ônibus 127, linha B, cor azul com lilás, mais azul do que lilás, tá mãe?", disse a filha, passando uma orientação atenciosa mas única. A memória da senhora era boa, o difícil era enxergar.

O cabelo branco, cheio de grampos e o vestido típico de muitos idosos dificultavam que ela chamasse atenção.

O garoto encostou na parede perto do ponto e mirou a velha senhora com dois sacos de latinhas vazias e amassadas, na altura do seu joelho. Não só o rosto, mas a pele também era recheada por rugas e marcas do tempo, mostrando uma pele frágil. Pensou para onde ela estaria indo, por que estava sozinha.

Não era comum ele notar dificuldades e situações próximas, mas aquilo chamou sua atenção. Viu sua dificuldade em enxergar os ônibus e se aproximou. Ouviu a indicação e deu sinal para o segundo ônibus que passou. Ajudou a idosa e subir no ônibus, se misturando no meio de tanta gente, já em pé.

Enquanto o ônibus partia, imaginou em tudo que ela tinha vivido até estar ali. Parecia infeliz e solitária, mas conformada. Comparou-se com a senhora até que o pensamento se foi. Não percebeu que durante todo o dia tentava lembrar de algo, que não surgia, mas incomodava.

Somente quando botou a cabeça no travesseiro e descansou, é que lembrou de tudo. Imaginou, no mesmo instante, onde e como estaria a velhinha vista pela manhã. Sorte, privilégio e um destino não muito grato para uns, demais para outros. "Vai pra onde, minha senhora?" - aquilo ficou para sempre. ...read more ⇒
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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Não te conheço, mas te odeio

Em um prédio de quatro blocos, 100 apartamentos e 350 moradores, era de se esperar que existissem torcedores de todos os times. Os dois grandes da cidade eram preferência entre os condôminos.

A rivalidade era acirrada, mesmo com alguns nunca se vendo. Bastava um gol para que as provocações (ou comemorações) começassem. Não precisava ser partida entre as duas equipes. Bastava uma delas estar em campo para os xingamentos e gritos, entoados e ouvidos em todos os blocos, se espalharem pelos 15 andares e quase 50 metros de altura.

Apesar de nunca terem se visto, os provocadores conheciam bem quem eram seus ‘adversários’. Era o fulano do bloco B, sexto andar, ou a chata de galocha da menina do bloco C, segundo andar. Sabiam bem onde era o lugar ideal para gritar para que o rival pudesse ouvir melhor a provocação. Se gritasse da cozinha, a menina não ouviria tão bem. Já da sala, ela ouviria como se estivessem bem ao seu lado.

Em dias de derrota, não adiantava discutir. Era melhor ouvir as comemorações dos que secaram durante os 90 minutos, loucos para descarregar a raiva que ficou da última vez em que o tiraram do sério. Chumbo trocado não dói. Os que não se seguravam, rebatiam, mas não valia a pena gastar a voz quando o triunfo não aparecia. Era melhor sumir do prédio, dar uma volta, pegar um filme e tentar esquecer.

Em jogo entre as duas equipes, o bicho pegava, literalmente. Até os cachorros entravam na parada. Os latidos começavam antes mesmo dos jogos, provocados pelos fogos de artifício que a vizinhança do quarteirão resolvia soltar. Depois de vitória então, volta e meia os nomes dos times eram gritados, até a madrugada. Deixar o perdedor dormir não valia.

Naquele 19 de abril, o clássico marcou a final do campeonato. Os 2 a 0 vieram ainda no começo do jogo e quem teve a sorte de ver o time em um dia inspirado, aproveitou a deixa para pedir silêncio do adversário, que devia estar roendo até as unhas do pé em frente à televisão.

Ao final do jogo, era um saindo para comemorar e outro em casa, louco para pegar no sono o quanto antes e esquecer tudo que passou. A segunda feira seria pesada. Mas o sono não veio. Resolveu descer para fumar um cigarro, conversar com o porteiro, ver as crianças brincando.

Aos 30 segundos de elevador, parada no quinto andar. Entra um homem gordo, de barba, mal vestido. Mal o cumprimentou. Apertou o botão da garagem, ao lado do já acionado P da portaria. Quando o derrotado saiu do elevador, um até logo do companheiro de corpo avantajado. Reconheceu na hora a voz do provocador de vários anos. Tentou ainda abrir a porta do elevador, que já havia descido. Ainda teve tempo de ver o vizinho sorrindo maliciosamente para ele, enquanto descia. O dedo do meio esticado também pode ser visto.

Agora sim sabia de quem era aquela voz pesada, que gritava ‘gol’ seguidamente. O gordo o conhecia, já sabia quem ele era. Ao contrário, ele nem havia desconfiado do vizinho com pedaços de pano encobrindo o corpo. Agora, pelo menos, já sabia de quem se tratava, sua fisionomia, andar e bloco. O apartamento não importava.

Uma surpresa estaria guardada para um futuro próximo, na vitória que viria, certamente, em poucos meses. Os vizinhos de andar seriam prejudicados. Tomariam um belo susto, tão grande quanto o do rival aborrecido. Agora era guerra. ...read more ⇒
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domingo, 17 de abril de 2011

Efetivado e motivado

Há duas semanas, assumi a produção e reportagem do programa esportivo Jogada de Classe, da TV Horizonte. A oportunidade surgiu de forma inesperada, devido a um novo acordo entre a emissora e o empresário e jornalista Orlando Augusto. A bola veio alta, não podia deixá-la cair. A dica era 'entrar de voadora'.

Entrei na TV há um ano e me lembro bem de ter desejado, em várias oportunidades, que este convite acontecesse, para que eu pudesse crescer profissionalmente, fazer contatos, ter mais responsabilidade. O trabalho que eu desempenhava antes era bem diferente. Hoje as preocupações são maiores (e melhores). Se qualquer coisa no ar der errado, o produtor é o primeiro da fila.

Apesar da estrutura ser modesta, a felicidade é grande. Interessante como as coisas acabam acontecendo. Um caminho parece já estar traçado e, à medida que vamos nos esforçando e fazendo por onde, elas aparecem. É a velha história do cavalo que passa, já selado. Tem hora pra tudo.

Já comecei um trabalho de fonoaudiologia para aprimoramento da fala e voz. Respiração, dicção e controle da ansiedade também fazem parte das atividades. Quero evoluir ainda mais, alçar voos mais altos, aprender o máximo que for possível e chegar em algum lugar que poucas vezes imaginei.

A realização profissional é muito satisfatória, tenho certeza disso. Apesar de distante, alguns passos firmes já foram dados. Não posso deixar a peteca cair. O rumo está trilhado, a visão lá na frente bem focada e uma coisa de cada vez pode ajudar na construção de um objetivo de vida.

Com calma, um passo de cada vez, posso chegar lá.

Toda torcida é bem-vinda. ...read more ⇒
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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Cachorro louco



O que antes parecia distante chegou ao Brasil e surpreendeu tanto quanto. Um louco entrando em uma escola, dizendo ser um palestrante, mata 12 crianças, deixando outras feridas. Sem motivos aparentes, o ex-estudante da escola, causou perplexidade no Brasil e no mundo. Não possuía antecedentes e não era de nenhuma gangue, facção ou coisa parecida.

A ideia de entrar em uma escola e provocar esse massacre é tão aterrorizante quanto as cenas. Crianças correndo, vendo amigos e colegas de classe perdendo a vida de forma trágica e inesperada. Bem na sua frente.

Os limites das ações de seres humanos continuam impressionando. A capacidade do ódio e de uma mente doente vão além do próprio ser. Atingem a sociedade e nos faz refletir sobre o motivo de uma barbárie.

Mesmo distantes, parece tão próximo. Nos colocamos no lugar dos pais e amigos e o sentimento é pequeno diante do real.

Tirar vida de crianças é muito brutal. Seres inocentes que ainda tem muito para fazer, conhecer a aprender.

Dê um tiro em si mesmo e minimize os estragos, que podem até ter sido provocados pela sociedade. Mas não tire sua culpa e decisão. Era melhor para todos. Chamou a atenção como não devia. Podia ter se matado de um jeito 'heróico', se jogando de um prédio altíssimo e ter um sentimento nobre de liberdade, alguns segundos finais, que o fariam saber que não valia a pena, ainda tinha muito por vir.

Nada disso era necessário, a loucura tomou conta ou sabe-se lá o quê.

Aconteceu, mas não passou. Vai ficar e mostrou que no Brasil tragédias deste porte também são possíveis. Não existe limite geográfico para a revolta e para atitudes covardes.

Até o final, tentaremos compreender.





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quinta-feira, 31 de março de 2011

Vai com Deus, Zé


O Brasil perde de um dos seus vice-presidentes mais carismáticos de sua história. José Alencar foi um exemplo, desde sua infância, em Muriaé e Caratinga, até os últimos dias de sua vida, lutando contra o câncer. Em entrevistas, já havia dito que era 'boi bravo', se referindo à sua coragem e ousadia, lembrando também os tempos de menino de cidade do interior, que tinha o animal presente em seu dia-a-dia.

Exemplo para a família, para os políticos, para empreendedores, para todo o povo brasileiro. José Alencar sempre deixou uma impressão de um homem humano, justo e guerreiro. Carismático, nunca deixou sua simplicidade de lado, mesmo ocupando importantes cargos durante sua vida política e empresarial. Para quem não sabe, foi responsável pela contrução de um verdadeiro império no ramo têxtil em Minas Gerais. Iniciou seus próprios negócios com 18 anos.


Pessoas que tiveram o privilégio de conviver com ele, afirmaram que José Alencar era uma pessoa atenciosa, disposta a ajudar quando fosse necessário. Em algumas matérias que vi, ontem, em sua homenagem, um velho amigo de infância relatou que José Alencar fazia questão de ser chamado de ‘Zé’, assim como acontecia na sua época de garoto. Não era pelo posto que ocupava que sua relação com um conhecido de muitos anos deveria sofrer alguma alteração.

No meio político, tão difícil de ser e ver uma unanimidade, ele se destacou. Se manteve distante de escândalos, falcatruas e atividades ilegais. Nunca precisou chamar atenção, teve poucos inimigos. Quando apareceu, foi pelo mérito, pelo cuidado, pela competência.


Como patrão, mostrou preocupação com os empregados, que sempre receberam o devido valor pelo trabalho e pelo suor. Nunca fez questão de ser mais do que os outros, de receber mais ou ser considerado como um superior. Um tratamento que faz muita diferença.


Ainda no leito de morte, pediu ao filho cuidado especial com os funcionários de muitos anos de empresa, citando um por um. Solicitou atenção com alguns que enfrentavam dificuldades na família. Sabia cuidar de cada um e lembrar de todos que tinha igual importância.

José Alencar deixa um buraco na vida política brasileira. Vai com Deus, Zé.



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terça-feira, 22 de março de 2011

No olho do furacão

Quem é jornalista, já deve ter passado pela experiência de estar presente quando uma redação 'pega fogo'. Longe de qualquer prejuízo que um incêndio pode causar e perto do olho do furacão, a sensação é de estar vivo e participar de um momento que não acontece toda hora.

O exemplo é bastante válido para tantas outras profissões. Talvez podemos comparar a um estádio cheio, todo aquele fervor misturado com stress, responsabilidade e o dever de fazer o melhor. Fazer o que gosta faz a diferença.

Momentos de calmaria são comuns, principalmente nos veículos de menor porte. Nos de mais destaque, esses instantes de estar fazendo várias coisas ao mesmo tempo e pensando em tantas outras podem ser rotineiras.

Assim como você, quando uma redação 'pega fogo' pra valer, a maioria estão tão ou mais atarefada que você. As responsabilidades podem ser maiores e as frustrações e conquistas, as mais distintas, que podem aparecer a qualquer momento.

O stress está logo ali, pronto para devorar e fazer parte da rotina. Aliar profissionalismo e excesso de trabalho com a vida social pode não ser fácil. Aos que conseguem levar 'numa boa', saudações. À todos, o cuidado com a saúde é essencial.

Observar esta experiência é único. Acontece quando menos esperamos. É o momento onde se consegue fazer, momentaneamente, um estudo de comportamento que pode durar segundos e ser lembrado por anos. Não precisa ser um 'morcego' para ter este privilégio.

Não recomendo tentar fazer essa análise de repente. Ela simplesmente acontece. Você saberá. Quem viver, verá. ...read more ⇒
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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Bendita 381

Que estejamos livres, deste e de outros imprevistos


Neste final de semana, tive o 'privilégio' de viajar pela 381, uma das estradas que mais mata no Brasil. Seu grau de perigo a fez ser batizada de 'a rodovia da morte'.

Há algum tempo não passava por ali. Apesar do meu medo constante de pegar estrada, tentei ir tranquilo, sem pensar em coisas negativas. Tenho aprendido, nos últimos anos, a força que os pensamentos têm.

Já na saída de BH, um acidente fez o trânsito ficar parado por cerca de duas horas. Quando passamos pelo local, pudemos ver marcas de freio no asfalto, acompanhados por uma carreta quase irreconhecível, perto de máquinas que ajudaram no resgate do veículo, depois que saiu da pista. Por sorte, somente a carreta se envolveu no acidente.

As curvas na região de Nova Era são um perigo constante. Depois de um pouco de chuva e quase sete horas de viagem, chegamos ao nosso destino. Respirei aliviado. Agora só faltava a (tão esperada) volta pra casa.

Confesso que fui mais tenso do que voltei. No retorno, estava tudo muito tranquilo. Até uma intensa neblina atrapalhar a visibilidade e nos obrigar a diminuir o ritmo.

Chegando em Ravena, mais um acidente nos fez esperar a liberação do tráfego por cerca de 20 minutos. Nos deparamos com vidros estilhaçados, ambulâncias, viaturas e alguns veículos completamente destruídos. Tentei, em vão, não pensar em como deve ser estar envolvido em um acidente deste grau de violência.

Minha paranoia é além da conta, sei bem disso.

Mas uma estrada estúpida e mal planejada, cheia de curvas e com sinalização precária, aliada à irresponsabilidade, loucura e pressa de motoristas mal preparados é um sinal nada favorável.

Acidentes vistos de perto e ultrapassagens pra lá de arriscadas me deixaram ainda mais tenso. Em duas situações, vi de perto como o perigo está próximo. O motorista do carro que eu estava teve que 'jogar' o carro para o acostamento, fugindo de um imbecil, que vindo em direção oposta, resolveu fazer uma ultrapassagem em curva.

Em outro momento, um motorista de ônibus, que devia levar cerca de 50 pessoas, ultrapassou um caminhão e por poucos segundos, não bateu em um carro que vinha na outra direção. Pra que tanta pressa?

Que meu medo pode ser além da conta, eu admito. Mas tudo que vemos nas estradas me faz ter, pelo menos, um pouco de razão.

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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Lixo Extraordinário

Inspirado em retrato de Tião, deitado em uma banheira despejada no aterro Jardim Gramacho, quadro é vendido por R$ 100 mil



Há poucos minutos acabei de ver o filme 'Lixo Extraordinário', que leva para as telas do cinema o trabalho original e surpreendente do artista plástico brasileiro Vik Muniz.

A ideia era realizar obras a partir do trabalho dos catadores de lixo do maior aterro do mundo: o Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro. Na verdade, quem trabalha por lá não é catador de lixo e sim de material reciclado, como bem apontou Tião, presidente da Associação dos Catadores, em entrevista à Jô Soares.

O que era para ser 'somente' mais um trabalho em meio a tantos outros já realizados, se transformou em um envolvimento de Vik com muitos daqueles que dependem das toneladas de material que são despejados todos os dias. Objetos descartados por pobres e ricos se reúnem e são o ganha-pão de milhares e de suas famílias.

Fotos dos trabalhadores em seu ambiente de trabalho foram ampliadas e retocadas, antes de chegar à importantes casas de leilão do mundo inteiro. Fotos de pessoas que, muitas vezes, são esquecidas e tidas como insignificantes. Vik cita no filme sua imcompreensão ao ver que pessoas de boa formação acreditam piamente que são melhores que outras, simplesmente por seu posto e renda. Reflexão válida.

Uma das fotos, com Tião como personagem, é vendida por R$100 mil, durante leilão em Londres. Na oportunidade, o catador está presente e acaba chorando depois de ver o poder que a arte tem, mesmo quando apresenta algo que poderia ser taxado de 'sem valor'. O dinheiro foi investido no desenvolvimento da entidade.

O filme mostra a realidade de pessoas batalhadoras, que têm muito orgulho do que fazem. Ao mesmo tempo, vários não queriam estar ali e ter aquela função como obrigação diária.

'Lixo Extraordinário' vai concorrer ao Oscar 2011 na categoria 'documentário'. Apesar da dificuldade para Tião conseguir o visto para ir à Hollywood, 'é ele quem deveria receber o prêmio', apontou Vik. Seria belo e justo.

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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Medo de dentista

Sempre tive horror a dentistas, desde pequeno. E com o passar dos anos, o pavor só aumenta, mesmo que seja para fazer uma simples e rápida (porém cara) limpeza.

Quando menos percebo, estou todo duro na cadeira, mãos e pés tensos, boca aberta, rezando para o tempo passar rápido e sem ter noção alguma do que pensar para os minutos correrem mais rápido. Como me distrair em um momento desses?

Na última semana, ouvi o barulho daquele aparelhinho assim que saí do elevador. Deu calafrio na hora. Para mim sorte, o som não vinha do consultório e sim de uma sala ao lado que usava um equipamento parecido para outros fins. Acho que era algo parecido com uma carpintaria, vai saber.

Mesmo assim, a tensão não diminuiu. O dentista insistiu em conversar durante toda a consulta. Como responder às perguntas que ele fazia? Preferi ficar calado e deixá-lo falando sozinho.

Eu nunca poderia ser dentista. Na verdade, não entra na minha cabeça como uma pessoa pode gostar tanto de uma coisa dessas. Claro que eu respeito as opções de cada um...

Procurando evitar o pior, que já aconteceu, a exemplo de canais, obturações, sisos e anestesias, tento manter meus dentes conservados e limpos. Desta forma, quando tiver que ir, de seis em seis meses, a consulta é mais rápido e menos incômoda.

Medo, tensão e a enorme vontade de sair correndo sempre vão estar presentes. E aquele barulhinho também... ...read more ⇒
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domingo, 6 de fevereiro de 2011

Uma mudança sem preço

No meio do ano passado, tive que operar meu ombro, que insistia em sair do lugar, principalmente durante atividades esportivas.

Depois de ir em três especialistas em ombro, fui convencido da cirurgia e avisado que a pior parte seria a fisioterapia.

Depois de 60 sessões, alguns movimentos continuaram muito limitados, me colocando em dúvida sobre a recuperação. Estaria eu me esforçando pouco? Talvez o método, até então adotado, não fosse o ideal. Uma boa dose de frustração aparecia constantemente.

Na primeira sessão que decidi fazer em uma clínica diferente, um novo ambiente, novos exercícios e poucos, mas mais atentos profissionais, me trouxeram de volta uma carga de esperança que não tem preço.

O sofrimento diminuiu bastante, devido aos exercícios alterados, e a evolução parece que vai mostrar presença.

Agora parece que vai. ...read more ⇒
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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Tragédia anunciada




O descaso das autoridades é o principal fator que causou as mortes na região Serrana do Rio de Janeiro, depois de desmoronamentos e deslizamentos de terra.

Quase 400 vidas já se foram.

O governo, obsesso por dinheiro público, que chegará aos cofres através dos impostos, não fiscaliza nem orienta os moradores que escolhem áreas de risco para instalar suas residências. 'Pagando, tá valendo e eles quem se lasquem', é um tipo de pensamento que pode resumir a situação.

As cidades atingidas de Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis estão em uma região rodeada por montanhas, que em algumas situações, pode receber uma grande concentração de umidade e chuvas são a consequência mais lógica de tudo isso.

A despreocupação das autoridades, com o risco que as pessoas assumem ao escolher o local, aliado ainda à região com solo frágil, é uma combinação fatal. O resultado estamos vendo na TV.

Muitos se arriscam, mas sabe-se se teriam outra opção de moradia.

Pessoas ilhadas, sem casa, sem comida, sem roupa, sem teto. Será que agora o governo vai agir e mostrar alguma atitude?

Quando deveria, não o fez, agora a esperança cresce, mesmo com tudo perdido. A quem poderão recorrer os desabrigados e sem família?

Uma verdadeira limpa poderia ser feita na região, mostrando os riscos e precauções aos moradores.

A tragédia estava anunciada, mas pouco se comentou até o caos. Agora ele chegou e o vire-se quem puder parece entrar em ação. A culpa é de quem?

Ninguém pode com a força da natureza. Mas se precaver sempre é possível.

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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Lá e cá

Reclamamos sempre. Mas o respeito às leis é apenas um exemplo de deveres que descumprimos.


Recebi um email de uma amiga que me colocou para pensar em algumas situações.

Vivemos reclamando dos políticos, que se aproveitam do dinheiro público para viver muito bem, ganhar ainda mais e pouco fazer. Costumam aproveitar as mais diversas oportunidades para serem beneficiados ou se safarem de um problema ou outro. Aumentam os próprios salários em mais de 60% e quase nada é feito contra sua permanência e absurdos.

A reclamação é válida, mas uma visão que poucos já tiveram é que o comportamento que é mau lá, é mau cá. Claro que em proporções diferentes, mas se queremos ter credibilidade ou o mínimo de consciência tranquila para reclamar e exigir nossos direitos, é bom que façamos nossa parte por aqui.

Quantas infrações de trãnsito você costuma cometer quando dirige? Uma, duas? Absurdo quem acha que está de bom tamanho. Falar no celular e parar em lugar proibido são infrações comuns.

Joga lixo na rua? Só um papelzinho? Ai, que ótimo. Nem ajuda a entupir os bueiros...

Faz algum tipo de ação, por menor que seja, para ajudar o próximo? Ou sempre vira a cara?

Se tiver uma oportunidade de sair de um bar sem pagar a conta, o que faz? Pense bem...

Fumantes: acendem seu cigarro em lugares fechados, ingnorando avisos e pessoas?

E por aí vai. São inúmeras as oportunidades que também nos surgem e os erros que cometemos, sabidamente. Por lá a coisa é pior, mas a ideia é a mesma.

Respeito, obediência às leis, disciplina e solidariedade são sempre bem-vindos, em qualquer escala da sociedade ou profissão que se ocupe.

Por mais que a coisa com os parlamentares não mude, é bom sabermos que estamos fazendo o correto, mesmo que em pequenas ações. Quanto menos hipocrisia, melhor. ...read more ⇒