| |

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Lixo Extraordinário

Inspirado em retrato de Tião, deitado em uma banheira despejada no aterro Jardim Gramacho, quadro é vendido por R$ 100 mil



Há poucos minutos acabei de ver o filme 'Lixo Extraordinário', que leva para as telas do cinema o trabalho original e surpreendente do artista plástico brasileiro Vik Muniz.

A ideia era realizar obras a partir do trabalho dos catadores de lixo do maior aterro do mundo: o Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro. Na verdade, quem trabalha por lá não é catador de lixo e sim de material reciclado, como bem apontou Tião, presidente da Associação dos Catadores, em entrevista à Jô Soares.

O que era para ser 'somente' mais um trabalho em meio a tantos outros já realizados, se transformou em um envolvimento de Vik com muitos daqueles que dependem das toneladas de material que são despejados todos os dias. Objetos descartados por pobres e ricos se reúnem e são o ganha-pão de milhares e de suas famílias.

Fotos dos trabalhadores em seu ambiente de trabalho foram ampliadas e retocadas, antes de chegar à importantes casas de leilão do mundo inteiro. Fotos de pessoas que, muitas vezes, são esquecidas e tidas como insignificantes. Vik cita no filme sua imcompreensão ao ver que pessoas de boa formação acreditam piamente que são melhores que outras, simplesmente por seu posto e renda. Reflexão válida.

Uma das fotos, com Tião como personagem, é vendida por R$100 mil, durante leilão em Londres. Na oportunidade, o catador está presente e acaba chorando depois de ver o poder que a arte tem, mesmo quando apresenta algo que poderia ser taxado de 'sem valor'. O dinheiro foi investido no desenvolvimento da entidade.

O filme mostra a realidade de pessoas batalhadoras, que têm muito orgulho do que fazem. Ao mesmo tempo, vários não queriam estar ali e ter aquela função como obrigação diária.

'Lixo Extraordinário' vai concorrer ao Oscar 2011 na categoria 'documentário'. Apesar da dificuldade para Tião conseguir o visto para ir à Hollywood, 'é ele quem deveria receber o prêmio', apontou Vik. Seria belo e justo.

2 comentários:

Vinícius F. Magalhães disse...

Só falta consertar um errinho aqui: "Ao mesmo tempo, vários não queria estar ali e ter aquela função como obrigação diária." Interessei-me pela película.

Daniel Ottoni disse...

Corrigido. Obrigado!