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sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

(des) crenças

Já pensei várias vezes na morte. Lembro de já ter chorado no colo da minha mãe, quando pequeno, dizendo que não queria morrer, nunca. Acho muito estranho a pessoa apagar pra sempre e ser enterrada a sete palmos abaixo da terra.

Mas será que quem morre, apaga pra sempre mesmo? Minha formação e desejo é que sim, claro. Que passamos dessa pra melhor e vamos pra um lugar bacana, sem conflito algum, sem gente estressada, sem trânsito, sem malas-sem-alça, sem conveniência em primeiro lugar. Um lugar só de gente feliz e em paz. Onde Deus conhece cada um muito bem e fica ali, olhando por todos.

Se pudesse escolher uma coisa, uma só, pra saber pelo resto da vida, seria isso. E se o Galo vai ser campeão mundial um dia. rs

Mas voltando. Gostaria de saber só pra ter certeza mesmo. Já me vi pensando nisso algumas vezes, principalmente em uma situação mais próxima. Não estou duvidando de nada, mas como saber de verdade? Ninguém nunca voltou para falar. Será que é condenável a minha atitude de querer saber? Espero que não.

De um tempo pra cá, acho que desapeguei de muita coisa. Natal pra mim já tem aquela magia. Não magia de moleque esperando Papai Noel, mas magia desse espírito que envolve a todos (será mesmo?) , deixando as pessoas mais felizes, solidárias, cheias de amor no coração. Hum...duvido muito...E por quê isso acontece só no Natal? Por que não o ano todo? Afinal, tem gente precisando de amor, carinho e roupas durante os 12 meses, pode ter certeza disso.

Não sinto mais aquela coisa quando as pessoas falam "Feliz Natal!" para outras que nunca viram . Pode ser que elas mostrem o dedo para o primeiro que invadir a sua pista, sem dar seta, no final do dia. Ou antes. Sinceramente, não sei a razão para essa descrença, mas ela é real. Até minha paciência já não é mais a mesma.

Acho que estou precisando de uma yoga, RPG ou Pilates. Um litoral também cairia bem.
Mas isso, agora, não dá.

Enquanto isso, continuo procurando respostas pra um monte de coisas. Quem sabe um dia eu volte pra contar... ...read more ⇒
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sábado, 6 de dezembro de 2008

Rodízio

Pra mim, o Brasileirão de 2009 vai ser pior que o de 2008.

Apesar deste campeonato ter sido um dos mais emocionantes dos últimos anos, quem conhece um pouquinho só de futebol sabe que o nível técnico está baixíssimo. Este pode ser um dos principais fatores que justifiquem tal equilíbrio.

Em 2009, teremos a ilustre presença de Barueri, Santo André e Avaí, além de um tal de Corinthians, carrasco do Galo.

A tendência, na minha opinião, é um declínio contínuo do nível técnico, tático, psicológico, financeiro...

No Brasil não vemos mais um grande número de grandes jogadores. Estão todos na Europa os de primeiro escalão. Os de segundo nível estão no Oriente Médio, Japão...é lá que está a grana meu amigo. Não tem como fugir disso.

Aqui fica só o resto, com raras exceções, como Alex, Nilmar, Hernanes...

Daqui há um tempo essa turma toda vai embora.

Mas o negócio é que o Brasil é foda e cria talentos todos os anos.

Alguns vão embora e outros aparecem, para depois irem embora também. É sempre assim.

Até o dia em que teremos condições de segurar nossas feras.

Pra mim esse dia não vai chegar.

Realismo puro. Até que me provem o contrário. ...read more ⇒
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sábado, 25 de outubro de 2008

Papelão

Até hoje o caso Eloá perdura. Agora, o foco é saber se o namorado deu ou não um tiro antes da polícia entrar. Realmente é de se parar o país.

Quantos casos como este acontecem todos os dias no Brasil? Uns doze, no mínimo. Mas o caso de Santo André foi o escolhido pela imprensa.

E vamos continuar ouvindo deste assunto por mais algum tempo, podem ter certeza.

Não suporto a forma como a mídia trata o assunto. A repercussão é maior do que Copa do Mundo e outros assuntos de muito mais importância.

Claro que não há como fugir de um fato deste, ainda mais pela forma como se deu. Mais de 100 horas de seqüestro, polícia invadindo, tiro na boca, óbito e tudo mais. Uma beleza para os meios de comunicação em busca (parece que somente) de audiência e lucro. Sempre ele.

Claro que um fato como este deve ser noticiado. Mas não tanto. Tem tanta coisa que acontece de interessante, boa ou não, que pode ser divulgada e que ocupa menos (ou nenhum) espaço para se saber cada detalhe de "extrema relevância" de um fato como o da menina.

Pode-se falar de tantas outras coisas. Assuntos mais construtivos e educativos, coisas de real valor. Mas não. O que vale é pegar o depoimento do periquito recém-nascido que estava no andar de baixo do prédio ao lado. Isso sim é importante.

Tenho certeza que muito valor será dado para a emissora (aberta) que não cobrir um fato como este com tanto intensidade e começar a dar espaço para assuntos que sejam de interesse da população.

Mas o povo também tem culpa. Muita gente gosta de ver o circo pegar fogo, acompanhar cada lance, ficar naquela espectativa toda, como se estivesse vendo um filme ou capítulo final de novela das nove. É reflexo de um país onde Latino, MC´s e mulher-fruta-podre fazem o maior sucesso. Reflexo de um lugar onde as coisas mais absurdas são colocadas lá em cima e as coisas mais magníficas que existem de verdade são pouco valorizadas e muitas vezes esquecidas. Haja paciência.

A preocupação da mídia com a família dos envolvidos também é de chamar a atenção. Até o dia em que algo parecido acontecer com eles. Aí sim, vão sentir na pele como é transformar um fato como este em ficção.

Mas ainda há tempo para mudanças. Mas deve-se abrir a cabeça de uma forma muito contestadora, ir para um outro caminho. Como um jornalista, por mais "macho" que seja, pode bater de frente com a chefia de uma emissora e tentar mudar a idéia de dar uma cobertura maior para um outro assunto? Como chegar e falar que é melhor fazer um documentário ou uma reportagem especial, por mais bacana que seja, e deixar de lucrar não sei quanto devido a audiência que estará ali colada?

Seria o ideal que isso acontecesse, mas o lucro prevalece.

Quem sabe um dia isso muda.

Até lá, vamos nos segurando. E podem acreditar que o próximo "caso de sucesso" será do camarada que deu um tiro na boca do irmão ou do pai que estuprou e matou a enteada a pauladas. Isso sim é bonito.

Vocês se lembram do nome da garota que foi jogada pela janela pelos pais? E do menino que foi arrastado por tantos quarteirões no Rio de Janeiro? E da garotinha que foi estuprada por um maníaco? E do padre pedófilo que comeu não sei quantas criancinhas? Se lembram?

Difícil né. Pra você ver como o caso é valorizado e assim que o próximo acontece, é esquecido e tudo se volta para o mais recente acontecido. Cospem, literalmente, o que comem.

Que imprensa a nossa. Valorizando coisas tão belas e reveladoras.

A única coisa que salva é a campanha fora-dunga. ...read more ⇒
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sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Julgamento

Estávamos indo em direção ao carro. Jorge abre o carro, Vinícius entra. O próximo seria eu. Quando vou entrar, aparecem dois caras, mais ou menos 30 anos. Saem de trás de um dos carros próximos, do nada. Chegam falando que estavam tomando conta do carro, pedindo trocado. Os caras não tinham a menor pinta de "flanelinhas". Pra mim, situação ideal para um assalto ou quem sabe, um seqüestro-relâmpago. Isso já aconteceu com pessoas próximas a mim e poderia e pode muito bem acontecer com qualquer um de nós, a qualquer momento.

Quando vi um deles colocando a mão por dentro da blusa, pensei: "É agora!"

Mas não foi. Quando eles estavam ali falando aquele tanto de baboseira, Igor e Carol, malandro que são, começaram a rir, meio que brincando com os caras...era mesmo uma brincadeira, mas muito sem graça.

Jurei que Igor e Carol conheciam os caras, mas aquela era a primeira vez que qualquer um de nós os via.

Entramos no carro e eu ainda estava gelado. A situação era totalmente propícia para um assalto e ainda acho que os caras tiveram dó ou sei la oquê para não ter feito algo conosco. Às vezes pode ter sido a reação do casal, que meio que deu uma de joão-sem-braço. Vai saber...

Quando entramos no carro, falei o que pensava. Dois caras aparecem do nada, vêm pra cima da gente com um papo totalmente torto, falando que queriam trocado, um deles enfia a mão na blusa e eu tinha que ficar tranqüilo? O cacete !

Independente de quem fossem os caras, o susto seria praticamente o mesmo.

Os caras não eram nenhum alemães ou belgas, e acredito que isso ajudou no impacto.

Quando falei isso com o pessoal, acabei sendo julgado...

Não sou racista nem tenho nada contra pessoas de cor, qualquer que seja. Mas admito que rolou um preconceito, fruto da sociedade em que vivemos e da realidade que somos obrigados a conviver todos os dias.

Se eu morasse no Canadá, por exemplo, é bem provável que eu não levaria o menor susto, sendo os caras verdes ou vermelhos.

Mas estamos no Brasil. E querendo ou não isso rola por aqui. Fui muito sincero ao falar que a forma como os caras chegaram e a cor deles causaram um maior impacto em mim. Eu tomaria o um baita susto se os dois fossem loiros, mas...o impacto realmente foi maior, diferente...

Após julgado, dei uma surtada no carro. Fiquei p da vida, como se estivesse cometendo um baita crime. Rolou um pré-conceito sim. E com quem julgou, não rolaria? Nunca rolou? Seja sincero também, da mesma forma que fui.

A situação era bastante propícia para um ato criminoso qualquer, bastava os caras quererem. Pra mim, demos sorte.

Só não gostei de ser julgado, como se a galera fosse super santa, politicamente correta, sem nenhum preconceito presente (mesmo sem querer ter). Fala sério...

Valeu pelo aprendizado. Vivendo e aprendendo... ...read more ⇒
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sexta-feira, 5 de setembro de 2008

BIG BH


créditos: Carlos Hauck

Muita gente considera o grafite uma arte marginalizada.

Uma coisa é de onde veio e outra, no que se transformou e para onde vai.

Tudo tem sua origem, mas também seu destino, seu curso.

Com o grafite não foi diferente: saiu das áreas de risco de grandes cidades e conquistou o mundo.

Hoje, é considerado arte. O grafite chegou onde chegou por merecimento. Nasceu, cresceu, se desenvolve e a tendência é um maior reconhecimento a cada dia.

Muitos misturam grafite com pichação. Apesar de serem diferentes, o berço é praticamente o mesmo, além do fato de serem duas intervenções inteiramente urbanas e relacionadas ao movimento street, hip hop e tudo que envolve esse universo.

As primeiras manifestações de grafite aconteceram em Paris, durante a revolução contracultural em maio de 1968. Os muros da cidade-luz se tornaram no alvo de manifestações poético-políticas. Outro bom exemplo foi o Muro de Berlim, pouco antes de sua queda.

Mas a coisa virou realmente arte, e não somente uma manifestação presente em alguma parede inutilizada e prestes a ser demolida.

Quem não conhece os irmãos gêmeos paulistanos Otávio e Gustavo Pandolfo devia conhecer. Apesar de não terem o devido reconhecimento por aqui, os caras são bastante requisitados no exterior, onde já pintaram, por exemplo, um castelo na Escócia que tinha suas paredes bastante degradadas devido à ação do tempo. Outro local que serviu de palco para a obra dos gêmeos foi o Tate Modern, em Londres, onde mandaram seu trabalho em um painel de 20 metros de altura.

Mas no Brasil, a história é diferente. Os gêmeos paulistanos tiveram, recentemente, uma de suas obras apagadas, sem querer, por uma empresa contratada da prefeitura de São Paulo. A intenção era apagar as pichações em um muro da capital paulista, mas vários grafites presentes em um muro enorme também foram “levados” pela bela tinta cinza cor de poluição.

Mas um dia chegamos lá; evolução sempre!

Será que somente as obras presentes dentro de um museu devem ser valorizadas?

Apesar de ainda ser visto com muita desconfiança, o grafite vem crescendo e conquistando novos espaços a cada dia. A 1ª Bienal do Grafite de Belo Horizonte é um marco histórico na cidade. A presença de grafiteiros de países como Espanha, Japão, Holanda, Porto Rico e Alemanha mostra o envolvimento e o interesse da organização em fazer um evento de qualidade, que realmente chame a atenção. E não há como isso não acontecer.

A qualidade das obras é de impressionar. Quem for à Bienal do Grafite, na Serraria Souza Pinto, em Belo Horizonte, vai ter acesso aos trabalhos de verdadeiros artistas de arte urbana contemporânea. São painéis que parecem ter vida, e quanto mais próximos chegamos deles, mais queremos ficar por ali, observando cada detalhe das obras.

Artistas brasileiros de grande potencial também deixam sua marca por lá. São jovens de muito potencial de estados como Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Rio Grande do Sul. Não é porque falta apoio que a galera vai deixar de fazer o que mais gosta. Ainda mais no meio do grafite, onde a busca pelo reconhecimento e a luta pela sobrevivência estão presentes desde sempre.

Um dos destaques da Bienal é Binho Ribeiro, grafiteiro de grande reconhecimento dentro e fora do Brasil: “A partir de agora, a bandeira do grafite está, definitivamente, cravada em Belo Horizonte. A BIG é um marco histórico”.

Segundo Rui Santanna, curador da Bienal, todas as obras foram pintadas em apenas três dias, em um trabalho frenético. Além da qualidade dos trabalhos, outro fator que chama muito a atenção é a ética presente na maioria das obras, onde valores importantes da sociedade são transmitidos através da arte, do desenho, da irreverência. E muita gente ainda acha que o grafite é coisa de marginal, sem educação e valores morais.

O BIG é uma ótima vitrine para divulgar essa manifestação da cultura urbana contemporânea, totalmente oportuna e bem-vinda. É de abrir e encher os olhos.

A entrada é gratuita e o evento vai até o dia 7 de setembro.

Para informações, acesse o site www.bigbh.com.br

Quem viver, verá !!!

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sábado, 23 de agosto de 2008

Saiu...

Custou, mas saiu.

O site da Revista Ragga está finalmente no ar.

Rezei muito (voltei a ter esse hábito há pouco tempo; agradecer muito, pedir pouco, mas pedir aquilo que é prioridade. Não custa nada olhar pra cima e acreditar) pra que desse certo, para que uma força e uma luz de algum lugar me ajudassem todos os dias.

Ainda rezo, agora agradecendo mais ainda. Deu certo!

Demorei um pouco para aprender, errei bastante, erro ainda, mas saiu. E gostei do resultado.

Mas sempre tem coisa que pode ser melhorada. Com o tempo, encaixa.

Não gosto de ficar perguntando pros outros toda hora o que e como fazer. Se vira, maluco! É o famoso "vai lá e faz!"

Esse dia ainda vai chegar.

Está sendo bom demais. O dia voa e produzir e ser útil é algo valioso.

Mas sou meio chato comigo mesmo. Sempre acho que pode ser melhor, que posso fazer mais. Acho que esse é o espírito.

Mas sou um só, uma coisa de cada vez; senão eu piro. Essa foi uma lição bacana.

Aquele papo de "tudo junto e misturado" aqui não dá.

A gratificação pessoal é enorme, o aprendizado é diário e minha vontade é retribuir a oportunidade com o velho papo-furado de interesse, determinação, criatividade.

O papo é furado, mas pode fazer a bola ficar cheia, orgulho pra qualquer um.

Obrigado a todos aqueles (de cima e de baixo) que ajudaram, de formas pequenas ou grandes.

Continuo na luta... ...read more ⇒
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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

De greve não!

É, tô meio sumido de novo, eu sei.

Mas o ritmo está meio frenético.

Trampo o dia todo e à noite faculdade. Resolvi meter as caras no jornalismo de vez.

Agora tenho algo que nunca tive quando fazia Publicidade: uma oportunidade na área durante o período acadêmico. É outro esquema, definitivamente.

Durante a semana então, fica meio complicado de postar. Chego em casa na prego e só penso nos lençois.

Final de semana...bem...sempre acaba aparecendo alguma coisa, principalmente quando ficar em casa não é o programa favorito.

Tentarei postar mais, acreditem.

Agora tenho que ir, a aula já começou.

Abraços.

ps: novembro não chega nunca! ...read more ⇒
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sábado, 2 de agosto de 2008

Fica...

Ouvia ele pedindo "fica, fica...", mas nem ficou.

Tinha que ir mesmo. Outra oportunidade como essa nunca se sabe quando vai aparecer de novo.

Que vai ser foda, vai. Mas vai ser bom também; algo de bom pode ser tirado.

Aprendizado, amadurecimento, distância, saudade...tudo junto e misturado, numa coisa só.

Num dia, está ali do seu lado. No outro dia, foi-se...

Mas um dia volta. De vez.

E se for pra ir embora, que seja comigo, pra bem longe.

3 meses, 12 semanas, 90 dias, 2160 horas, 129600 minutos...passa rápido...

Já já novembro chega.

Até lá, vamu indo...

"Bon voyage, au revoir..." ...read more ⇒
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segunda-feira, 21 de julho de 2008

PVC e o resto

É até sacanagem chamar o resto de resto. Muitos dos profissionais do jornalismo esportivo brasileiro merecem muito mais que isso. É apenas uma metáfora, ok?
Mas o título do texto me obriga. Não existe ninguém como ele.

Paulo Vinícus Coelho é o melhor comentarista de futebol do Brasil. É um dos fundadores de um dos maiores jornais esportivos do país, o Diário Lance. A Revista Placar é outra referência no assunto que contou com a colaboração deste grande profissional.

PVC tem uma visão e senso de percepção aguçadíssimos ao assistir uma partida e uma memória incrível. Se você perguntar a ele, qual foi o time do Corinthians campeão do 1º turno do campeonato paulista de 1978 ou da escalação do Coritiba campeão estadual de 1976, é quase certo que ele vai te responder na pinta, desde o goleiro ao ponta-esquerda. Se bobear, técnico, massagista, presidente...

Tem uma relação com números e estatísticas pouco comum de se ver. Os adora e os utiliza com freqüência para exemplificar, justificar ou até mesmo ilustrar. Além disso, tem contatos que poucos têm no país e consegue, em muitas vezes, descobrir informações fresquíssimas com fontes diretas, que faz seu índice de erros ao divulgá-las ser zero.

O quadro "Verdadeiro ou Falso" de PVC, do diário Bola da Vez, da ESPN Brasil, é quase impossível de se responder sem uma pesquisa profunda. Por falar em pesquisa profunda, isso é, definitivamente, o que PVC de melhor faz. Incansável em sua busca, que acaba não tendo fim. Sempre existe uma informação após a outra.

A maioria dos jornalistas somente escreve, lê, entrevista. PVC apura, dá o fato na lata. O cara é o cara.

Como o blog é meu, eu o chamo do que quiser. Pra mim, PVC é gênio.

Ele faz o que quase todos não fazem. E que é obrigação de qualquer jornalista do futebol saber. Conhece, de cor, a escalação de cada time da elite nacional (se bobear, da série B também) e os substitutos imediatos dos titulares. Sabe em que esquema jogam, que jogadores estão suspensos, machucados, quais os substitutos etc.

Eu, particularmente, sou fã de análises táticas de equipes. Quem ocupa uma posição e que função faz, as modificações que fazem uma diferença, a mudança de estratégia durante o jogo, todos esses são detalhes de extrema importância. Vanderlei Luxemburgo que o diga.

Alguns poucos ex-atletas têm uma percepção tão boa quanto as dos jornalistas que aqui elogiarei, já que jogaram durante um bom tempo dentro das quatro linhas e tiveram uma oportunidade única, sonhada por muitos. Tostão e Caio são dois bons exemplos. Lúcidos, equilibrados, sensatos. Perfil difícil de se ver por aí.

Mas não é so PVC que vê isso muito bem. Vi um jogo da Itália na última Copa do Mundo comentado por Paulo Calçade que me deixou arrepiado. A análise tática que ele fez do jogo e como ele conseguiu envolver o telespectador (no caso, eu) durante aquela partida foram coisa de cinema.

Como disse o início do texto, é sacanagem chamar o resto de resto. Mauro César Pereira, Paulo Calçade, Paulo César Vasconcellos, Alex Escobar, Luís Carlos Júnior, Juca Kfouri, José Trajano, Antero Greco e muitos outros são fodas com PH. A turma saca e muito e não é de hoje. O curioso é que a maioria destes são novos, na casa dos 40. Queria eu citar mais alguns nomes aqui, mas o texto ia ficar chato.

Acredito que a prática leva à perfeição. Depois de um certo tempo, fica fácil.

Os profissionais das emissoras ESPN Brasil e Sportv são de grande competência. Eu, particularmente, prefiro os do canal internacional. Nada contra o Sportv. Muitos ali são muito bons, mas o índice da ESPN é quase 100%. Difícil achar alguém ali que não seja único, que não chame a atenção. Os estilos de alguns programas do canal também são diferenciados.

Gostaria, mais uma vez, de enfatizar que muitos outros profissionais são de primeira qualidade e um dos meus sonhos é atingir o lugar que eles possuem hoje.

Mas PVC é realmente diferenciado. Tal opinião não é somente minha, acreditem.

Me reverencio a você PVC. Você é o cara.

Leiam-no aqui. ...read more ⇒
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sexta-feira, 18 de julho de 2008

Ei! CBB...

A seleção de basquete do Brasil está mais uma vez fora das Olimpíadas. A última participação foi em 1996, em Atenas.

A difícil situação do basquete nacional acontece não é de hoje. A falta de investimento e o desinteresse são claríssimos. O que fez com que, aos poucos, a situação fosse sendo minada.

Os principais jogadores, um a um, abandonaram a seleção. Varejão, que atua pelo Cleveland Cavaliers e Nenê, que atua pelo Denver Nuggets, alegaram problemas médicos. O terceiro da lista foi o armador Leandrinho, que defende o Phoenix Suns. Segundo o jogador, uma tendinite no joelho direito o impediu de participar do Pré-Olímpico, que está sendo disputado em Atenas. O jogador já havia sido liberado para realizar exames e se apresentar com atraso.

Após a decisão, que foi comunicada à CBB pelo empresário do atleta, o técnico do Brasil, o espanhol Moncho Monsalve, avisou que com ele, Leandrinho não joga mais. Leandrinho informou que seria necessário fisioterapia intensa e total distância de qualquer atividade física. No entanto, o atleta participou, mesmo que rapidamente, de uma pelada com o companheiro de equipe, Steve Nash e outros astros há poucas semanas.

Na minha opinião (e de muitas outras pessoas), é claro o desinteresse dos principais jogadores da seleção. A falta de investimento e o não cumprimento de promessas são os principais fatores que desmotivam qualquer atleta a defender as cores de seu país. Isso é apenas uma resposta a uma situação que é vivenciada já há algum tempo e agora, chegou a hora de "colocar a boca no trombone", mesmo que indiretamente. Mas os mesmos atletas já haviam denunciado algumas irregularidades e desapontamento com os dirigentes da CBB.

A atual situação é fruto do que foi plantado. Falta de investimento em categorias de base, descomprometimento por parte dos dirigentes, falta de interesse e planejamento dos mesmos acabou culminando na atual situação. São mais de 10 anos sem pisar em um ginásio olímpico. Vocês se lembram qual foi a última vez que a seleção de basquete nacional jogou no Brasil? Eu não.

A maioria das pessoas não sabe quem foram os jogadores que participaram deste último fracasso. Thiago Spliter, Baby, Marcelinho e Alex são nomes desconhecidos pelos compatriotas de Paula, Hortência e Oscar. Vivemos do passado. Nos apegamos a eles pela falta de novos ícones. Pela falta de investimento, interesse, blá, blá, blá.

Gostaria de saber o que a CBB fez nestes últimos anos. Em que investiu, o que planejou...o que será que os dirigentes faziam todos os dias, das 8h às 18h?

Com certeza muito mais poderia ser feito. Os principais conhecedores do assunto, quase que semanalmente, sugerem ou mostram caminhos que podem ou poderiam (é tarde demais?) ser seguidos pelos irresponsáveis, para que um mínimo de mudança acontecesse. Não é tão difícil assim, não é mesmo. É nítida a falta de vontade dos representantes em fazer um pouco mais pelo esporte nacional.

O pior é que tal situação não é exclusiva do basquetebol...

A situação do país é caótica pra todos os lados, não só no esporte.

A minha esperança de um país melhor está no fim e não é de hoje. ...read more ⇒
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quinta-feira, 3 de julho de 2008

1981

O Atlético abriu as portas para os torcedorem e divulgou imagens sobre o fatídico jogo entre Atlético e Flamengo, pela Taça Libertadores da América, em 1981.

Pra ser breve e falar pra quem não sabe, o time mineiro foi roubado e estrangulado.

José Roberto Wright é o nome do responsável pelo caos.

Nunca vi nada assim no futebol.

O Atlético é um dos time que mais foram roubados no futebol nacional (sem querer reclamar da atual situação. O time de hoje é horrível, eu sei...).

Já vi absurdos acontecerem, mas nada comparado com 1981.

Explusões seguidas e inexplicáveis até não poder mais. Tão é que o jogo teve que ser encerrado por falta de participantes.

Se quiser veja o vídeo e comprove.

É coisa de cinema. ...read more ⇒
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terça-feira, 1 de julho de 2008

Lei Seca

Todo mundo só fala nela agora. E com razão.

Agora quem beber qualquer quantidade e for pego dirigindo cai bonito.

E a turma está na cola, fazendo “blitzes” em tudo que é canto. Principalmente, na saída de festas. Melhor ficar esperto.

Mas pra tudo tem um jeito. Pode não ser o ideal, mas é um jeito. Como disse o Bocão, agora é tomar só na regional. Vai e volta a pé, pode ser até cambaleando. À vontade. Ou então, o famoso TX. Sai a turma, pede pra alguém deixar no lugar, pai, mãe, irmão, qualquer um. E voltam todos de táxi. Se o taxista for gente fina, dá pra colocar até 5 cabeças dentro de um veículo branco. Não vai dar mais que 5 reais pra cada, com certeza. A não ser que vocês estejam voltando do New Texas 6. Aí fica puxado.

O fato é que algumas opções devem ser encontradas. Ficar sem beber é complicado. Uma outra alternativa é o tal do revezamento. A cada saída, um fica sem beber, só vendo a moçada encher a lata.

A última opção é ficar só na Coca-Cola e H20. Quem diria...

Melhor não arriscar. Diz que a turma realmente está pegando pesado, fiscalizando aqui e acolá. Na minha opinião, daqui a pouco isso acaba, o número de “blitzes” cai consideravelmente. Pode ser que eu esteja enganado, vai saber.

O que não quero é ficar sem carteira durante um ano, ter que responder por crime ( a partir de certa quantidade, que não é muita, o ato de dirigir se torna crime) e ainda pagar quase mil barões, que vou ter que tirar não sei de onde.

Como no Brasil ninguém respeita nada, essa medida foi adotada. Só na base da rigidez mesmo pra algo funcionar. Agora é ver pra crer. Já fiquei sabendo de camarada que caiu bonito e perdeu a carteira por um ano. Pra dar rolê agora, só arriscando. Ou então com a mamãe. Dureza...

Alerto a todos sobre o risco que existe. Usem a criatividade, gastem um pouco mais para garantir a CNH, vão de bicicleta, carona, táxi, a pé, ônibus. Opções existem pra ficar com a consciência tranqüila. Pode não ser o ideal, mas existem opções.

Pra mim não compensa ficar correndo o risco a todo momento. Uma hora acontece.

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domingo, 29 de junho de 2008

Salve Jorge

Batia palmas fervorosamente e de pé. Aquele fora com certeza um dos melhores shows que havia visto na vida. Mal podia acreditar que aplaudia o mesmo negro que viu, dez anos antes, numa praça no centro de Roma. Ele dedilhava alguns acordes em um violão já velho e balbuciava algumas palavras em um língua diferente. Ao lado, um chapéu com algumas moedas e poucas notas. O som convidava quem passava para uma pequena parada, talvez uma ajuda. Quando se aproximou, algumas pessoas já estavam ali, ouvindo aquele som improvisado. Algumas palmas, um sorriso de um, outro de outro, o negro parecia feliz. Mesmo com o pouco que (visivelmente) tinha, ele parecia feliz. Feliz pela presença daqueles que interrompiam seu caminho para lhe ver e ouvir.

Percebeu quando o homem alto, com estilo de mafioso, chegou por trás de todos para ver o que se passava e lançou um olhar de preconceito, já chegando e saindo. Para este, pouco importava. Para o negro também, feliz da vida.

Aos poucos, dissiparam-se e rumaram aos seus destinos. O negro pegou seu casaco e chapéu e desceu os degraus da escadaria. De longe, viu o mal humorado senhor entrar em um táxi.

Aquele dia fora proveitoso para o imigrante, que teria o que comer na fria noite que se aproximava. Só faltava achar onde dormir.

A platéia delirava; minutos de plamas. Todos em pé e o negro mais uma vez esboçava o mesmo sorriso sem graça e se mostrava feliz da vida. Feliz pela presença de quem pagou ingresso para vê-lo, mais ainda pelo reconhecimento.

O negro mostrava a mesma humildade e simpatia em situações bastante distintas. O velho Luca se mostrava surpreso com a situação. Imaginou como mudou a vida do latino, das ruas de Roma para o mundo. Um dia, um mendigo e um bancário. No outro, dez anos depois, uma estrela e um bancário. O jeito era colocar o rabo entre as pernas e perceber como o mundo dá voltas.

O preconceito de antes se transformou, de alguma forma, em aprendizado e amadurecimento. A hipocrisia se rendeu ao talento.

Salve Seu Jorge. ...read more ⇒
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segunda-feira, 23 de junho de 2008

Ragga boy

Finalmente aconteceu. Demorou, mas veio.

Mas para mim foi a melhor coisa que podia ter acontecido.

Saí do Estado depois de dois anos vendo como funciona o serviço público. Melhor eu não falar mais por aqui, pode ser perigoso...já tive uma lição e esta basta. Pedi exoneração no peito e na raça, mesmo sem a tão "sonhada" estabilidade.

Não é "cuspir no prato que comeu"; o Estado me trouxe grandes lições, boas e ruins. Acabei aprendendo com todas elas.

Estou na Revista Ragga (www.revistaragga.com.br)

Mais feliz, impossível. A chance veio meio que de repente. É a velha história do cavalo celado que passa e você monta ou não monta. Eu montei. De galope e tudo.

Foi uma das melhores coisas que fiz nos últimos anos. Parece que tirei um piano das costas (a hérnia de disco persiste).

Fazer o que a gente gosta é realmente a melhor coisa do mundo. Não adianta escutar; tem que viver, sentir na pele.

Espero que possa durar muito tempo, seria ótimo.

A experiência e o aprendizado que saem dali não se perde nunca mais.

Agradeço as boas vindas, agora é vida nova !

Abraços e beijos ...read more ⇒
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quarta-feira, 4 de junho de 2008

O risco por uma notícia

O fato envolvendo uma repórter, um fotógrafo e um motorista do Jornal "O Dia", do Rio de Janeiro assustou muita gente. Mas o acontecido chega a ser compreensível, se analisarmos pela visão de quem comanda a região "visitada".

Os três alugaram uma casa na favela de Batan, em Realengo, zona oeste do Rio. O interesse era investigar a participação de milícias no tráfico carioca. Esse grupo, geralmente formado por soldados, policiais ou bombeiros da ativa ou afastados, disputa o poder com traficantes de várias favelas do Rio de Janeiro. Estima-se que cerca de cem favelas do antigo Estado da Guanabara são dominadas por milícias.

Após descobertos, os jornalistas foram espancados e submetidos à sessões de choques elétricos e sufocamento com saco plástico durante sete horas e meia. Estilo Tropa de Elite. Pro quadro ficar completo, faltou a vassoura. Até a famosa roleta russa aconteceu. Algumas informações dão conta de que um morador da comunidade estava com os jornalistas.

Ontem assisti parte do programa "Observatório da Imprensa", que discutia exatamente esse assunto. Coincidência ou não, o fato aconteceu no aniversário de morte do jornalista Tim Lopes, da Rede Globo, que foi assassinado brutalmente por traficantes cariocas, após ser descoberto realizando reportagens investigativas sobre o tráfico nos morros fluminenses.

Me pergunto até que ponto vale a pena cobrir uma reportagem dessas. Claro que todo jornalista deve obter o maior número de informações possíveis, ainda mais se tratando de um assunto que envolve e desperta o interesse de toda a sociedade. Morando ali por uns dias ficaria muito mais fácil compreender a realidade do local.

Eu, particularmente, teria um grande prazer em fazer qualquer tipo de reportagem investigativa. Um dia eu ainda chego lá.

Mas todos sabemos como é o esquema em favelas. Ninguém ousa comentar sobre nada, desde tiroteios a roubos e execuções. Os traficantes comandam tudo, inclusive horários de abertura e fechamento de comério. E ai de quem ousar desrespeitar a "lei do cão".

A situação é ainda mais crítica para estranhos, que estão ali com o intuito de divulgar à sociedade sobre o caos diário que os moradores são obrigados a enfrentar todo santo dia.

Qualquer um que esteja lá para tentar atrapalhar o esquema que existe é uma ameaça, e certamente será observado com mais atenção e provavelmente, perseguido e ameaçado. No mínimo.

Todos, dentro de uma favela, se conhecem e caras novas, são facilmente percebidas. Ainda mais durante duas semanas. Na minha opinião, tempo demais para uma incursão de risco como essa.

Um dos diretores do jornal "O Dia", que estava presente no programa citado anteriormente , informou que houve um pré-conhecimento da área antes de deslocarem a equipe para o local.

Uma outra entrevistada, representante de um sindicato de jornalistas que realizam reportagens investigativas, informou que alguns cuidados são necessários em casos como esses. Normalmente, eles tiram um ou dois moradores da área e levam para um outro local, para aí sim, obterem as informações desejadas. Essa segunda solução me parece mais prudente.

Os jornalistas torturados já estão bem, em local seguro, recebendo o devido apoio, inclusive psicológico. Mas com certeza traumas permanecerão para o resto da vida de cada um deles.

Ainda no mesmo programa foi citada uma frase de Assis Chateaubriand, dita a um repórter que estava indo cobrir uma guerra ou evento de perigo: "Você está proibido de morrer!"

Mais importante do que qualquer notícia, é a vida. ...read more ⇒
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quinta-feira, 29 de maio de 2008

Dale dale

Impressionante como, a qualquer momento que você mude para o canal que transmite o jogo do Boca, sempre se escutará um certo ruído ao fundo, incansável, quase ensurdecedor.

Não conheço muitas (nem poucas) das músicas cantadas pelos fanáticos argentinos. Mas tenho quase certeza que nenhuma delas incita a violência (apesar do futebol argentino viver, há algum tempo, com o histórico de brigas entre torcidas, como ocorre na Itália).

Os cânticos são quase louvores de adoração ao time, ao emblema, ao amor que sentem pela equipe, por aquele sangue quente que corre nas veias desses loucos.

Só a imagem impressiona. Parece que estão em êxtase, numa verdadeira festa. Pulam, gritam e cantam o tempo todo, sem parar. Um dos meus sonhos é estar presente em um jogo desses, um clássico, um Boca e River, um jogo decisivo; sentir na pele aquela sensação com certeza é única, inigualável.

A torcida brasileira que mais se aproxima desse nível "sem-parar" é a do Corinthians. Essa também canta várias músicas sobre a paixão pelo clube, nada de violência.

Ultimamente tenho visto a torcida do Grêmio realizar ações bastante parecidas com as das torcidas argentinas, fazendo a famosa avalanche quando os gols saem, ou colocando os famosos corrimões (faixas com as cores do time que vão desde o ponto mais alto até o mais baixo das arquibancadas).

Claro que no Brasil temos torcidas fanáticas como a do próprio CAM, Flamengo, Sport...mas nada, nada se compara ao fervor da torcida argentina. Quem dera se a torcida do meu time gritasse e apoiasse o tempo todo, sem se preocupar em vaiar a equipe no final do primeiro tempo ou pegar no pé de um ou outro jogador. Quem me dera se a torcida do meu time reduzisse pela metade os cânticos de guerra. Lamentável....

Pra mim isso é questão de cultura. Desde pequeno os torcedores bambinos devem ser introduzidos nesse meio, aprenderem as músicas, sentir de verdade a paixão que é passada de pai para filho, de primo para primo, de tio para sobrinho e por aí vai...

Um dia eu ainda estarei na "Caixa de Bombons" do tradicional bairro boquense, de três ou quatro andares, cantando e pulando o famoso "Dale dale oooo....dale dale oooo" ...read more ⇒
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quarta-feira, 28 de maio de 2008

"A arte é a assinatura de uma civilização"

Li essa frase na parede do DCE da PUC. Uma parede cheia de escritos, frases, assinaturas e desenhos. Mas essa frase em particular me chamou a atenção e me fez refletir.

A arte é mesmo a assinatura de uma civilização? De certo modo, até que faz sentido.

Há pouco tempo, vi duas obras de artes bastante curiosas. Uma era de um vaso sanitário que foi exposto em um museu de Paris, se não me engano. A obra era essa: um vaso sanitário, solitário. A outra, mais recente, aconteceu em um museu da Nicarágua. Um cachorro de rua foi deixado durante dias, sem comida e água. Aos poucos o animal ia ficando mais fraco, e quem passava pelo local, apreciava de perto a "obra". Essa aí passou dos limites.

Uma determinada obra pode realmente ser chamada de arte só pelo fato de estar exposta em um museu?

Seriam essas duas "obras" resultado da nossa atual civilização, cercada de guerras, corrupção, discórdia e tantas outras lástimas que vemos todos os dias?

Claro que atualmente são criadas outras belíssimas obras de fazer qualquer um parar seu caminho por um museu para apreciá-las.

Mas essa frase me fez parar pra pensar em algumas das preciosidades que são criadas pelos "artistas" de hoje.

Seriam essas obras o resultado de uma civilização perdida?

Ou seria somente o devaneio de alguns artistas, que acabam aproveitando qualquer coisa ou fato para inventar obras como estas? ...read more ⇒
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segunda-feira, 26 de maio de 2008

Valeu Guga !

Já ouvi muita gente falar mal do Guga. Que o cara estava velho pro tênis, que não servia mais, que o tempo do cara passou, etc. Esses mesmo aplaudiram o "manezinho da ilha" de pé quando se tornou campeão (1997), bi (2000) e tri (2001) de Roland Garros.

Muito fácil aplaudir quando o cara tá bem, e meter o pau quando o cara tá mau. É claro que ele não estava no mesmo nível de antes, por diversos fatores. O tempo passa e as lesões aparecem, o que para qualquer atleta é uma perda de tempo enorme até voltar à velha forma.

Mas temos que reconhecê-lo pelo que fez pelo tênis brasileiro. Nunca, nenhum tenista, fez o que ele fez, chegou onde ele chegou. E é claro que não foi de graça. O cara passou por maus bocados ainda jovem, aos 8 anos, quando seu pai faleceu apitando uma partida de tênis. Logo seu pai, motivador incessante desde sempre. Infarto.

Em 2007, perdeu o irmão Guilherme, que devido à problemas durante o nascimento, tinha paralisia cerebral e microcefalia. Tudo isso só deu força ao dedicado tenista, que com 10 anos se tornou campeão catarinense da categoria.

Guga teve Larri Passos como segundo pai durante boa parte do tempo, dentro e fora das quadras. Larri acompanhou Guga desde hotéis de baixo escalão até o mais conceituado Ritz, em Paris. Por alguns problemas, Guga e Larri se separaram em 2005, mas voltaram a treinar juntos um ano depois.

Larri também acompanhou Guga na sua trajetória em Blumenau. Quando tinha 14 anos, Guga recebeu um convite de uma empresa, que o patrocinaria. Mas para isso, era necessário morar e treinar em Blumenau e para lá ele foi, sem nunca abandonar os estudos.

Guga, com certeza, foi o responsável pela "febre" do tênis no Brasil, há alguns anos atrás. Pena que a "febre" passou e não foi aproveitada da forma como deveria, principalmente pelo governo, que poderia ter feito mais ações a favor da propagação do esporte no território nacional. Esse momento deveria ter sido melhor aproveitado. Sabe-se lá quando teremos um momento como aquele.

Agora, estamos mais uma vez, orfãos. É claro que existem outros bons tenistas no cenário nacional, como André Sá, Flávio Saretta, Daniel Mello e o mais bem pontuado tenista brasileiro no ranking da ATP, Thomaz Bellucci.

O mais sensacional em relação a Guga é que ele nunca perdeu a simpatia e a humildade. Parecendo sempre estar de bom-humor e tranquilo, ele nunca perdeu a cabeça nem o equilíbrio, mesmo quando milhões de dólares começaram a entrar em sua conta bancária. Seu irmão Rafael sempre foi o responsável pelas finanças e sua amiga Diana Gabanyi, nunca deixou de ser sua assessora de imprensa. Esta, chegou a hospedar Guga em sua casa, Em SP, durante alguns torneios.

Guga é um exemplo de pessoa e atleta e serve de inspiração para muitas pessoas.

É por isso também que fico calado em relação ao Rubinho Barrichello. Poucos sabem da história do cara antes de entrar na F-1. Tudo o que ele passou, sofreu, ganhou e perdeu para estar hoje entre os melhores do mundo. Além disso, o cara é o piloto com mais número de grandes prêmios na carreira. Tudo bem que é raro ver o cara pontuar, mas é outro exemplo de atleta que temos que parar e aplaudir. De pé.

Não é fácil chegar onde essa turma chegou. ...read more ⇒
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quinta-feira, 15 de maio de 2008

Levanta Galo !

A escassez no futebol brasileiro é enorme. Tanto de jogadores como de técnicos. Buscar jogadores fora do país se tornou quase inviável, pelos altos salários que são pagos lá fora. Uma das opções de buscar jogadores fora são os sul-americanos. Valdívia é o melhor exemplo. Viana e Martinez os piores.

Os bons jogadores que jogam no Brasil não são liberados pelos seus clubes. O jeito é garimpar, ter bons olheiros, que viajem por todo o país atrás de bons jogadores. É possível descobrir talentos, como é o caso de Ramirez e Marcelo Moreno. Competência do clube e dos profissionais que observaram o jogador e saíram na frente da concorrência. Compraram os jogadores por um preço baixo e tem boas chances de render uma boa quantia com suas vendas.

Técnicos também, praticamente inexistem. Estou curioso para saber quem será a opção do Atlético para o seu comando. Levir Culpi já disse que não vem. Contratar algum treinador já empregado é difícil. Roberto Fernandes, do Náutico e Mancini, do Vitória são dois dos bons treinadores da nova geração. Mas pode ser muito arriscado assumir um clube na situação do Atlético, apesar da maior visibilidade. PC Gusmão é uma outra alternativa, talvez a mais viável. O que não pode acontecer é ressuscitar Procópio, Cerezo, Marcelo Oliveira.

A dificuldade de administrar um clube como o Atlético é enorme. As dívidas já ultrapassam dezenas de milhões e o clube, ainda por cima, não revela talentos, o que poderia ajudar financeiramente. Situação complicada.

Na minha opinião, Geninho fez bem ao pedir sair. Ele teve sua parcela de culpa nas desclassificações. Mas ele não é o único culpado. Diretoria e jogadores, principalmente, devem assumir a culpa pelos vexames.

Particularmente, eu gosto do Geninho, já o vi montar bons times sem grandes jogadores. Mas não dava mais. O time estava sem esquema tático, e as escalações e substituições não estavam dando resultado. Talvez quem chegue consiga injetar um novo ânimo na equipe. Os jogadores são limitados, mas é possível montar uma equipe que possa brigar por uma sul-americana, no máximo.

No ano do centenário, a torcida atleticana mais uma vez, vai passar por sofrimento. ...read more ⇒
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terça-feira, 13 de maio de 2008

Trem

Poucos sabem da relação que Minas tem com estradas de ferro. A importância que a ferrovia tinha para cidades mineiras era enorme. Hoje, a situação é outra.

A economia de muitas cidades girava em torno das estações que existiam pelo interior. Existiam, porque muitas destas estações viraram ruínas. E junto com as ruínas, a desvalorização de parte da cultura mineira, que está diretamente ligada a todo este contexto.

Poucas pessoas viajam de trem, atualmente. Aliás, poucas já viajaram, sequer uma vez.

Não sabem o que estão perdendo. A viagem é um passeio pela história de Minas. Passar por dentro das montanhas, pontes sobre rios que conhecemos só de nome, por cidades com uma cultura riquíssima é um contato direto com nossas raízes.

Eu viajei há pouco tempo pela estrada de ferro Vitória-Minas e pude relembrar a última viagem que eu havia feito, há 10, 12 anos.

A relação de Minas com as estradas de ferro pode ser exemplificada por um dos termos mais utilizados pelos mineiros : trem. Tudo para os mineiros é "trem" e essa palavra, com certeza, não está no nosso vocabulário à toa.

Quem puder vivenciar essa experiência, eu aconselho. Pegar o trem bem cedo e ir para Santa Bárbara, Nova Era, Monlevade ou até mesmo Vitória. Todo mineiro precisa passar por esta experiência, pelo menos uma vez.

A passagem é barata e a bagagem cultural será enriquecida, cheia de histórias pra contar. ...read more ⇒
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sexta-feira, 9 de maio de 2008

Programa de índio










Mas se engana quem pensou que esta foi a famosa roubada. Pelo contrário. Foi uma experiência incrível, pra guardar pro resto da vida. Viver 4 dias como índios, estar a todo momento ao lado deles, conversando, vivenciando a realidade indígena é algo difícil de escrever ou contar.

Apesar de algumas dificuldades e de algumas situações inusitadas, foi bastante interessante. Pegamos um trem até a estação Krenak (na verdade, é apenas uma parada entre Conselheiro Pena e Resplendor, sem plataforma, ou local para compra de passagens), que fica no meio do nada, às margens do Rio Doce. Andamos cerca de 2km, lotados de mochilas, barracas e equipamentos. Lá, pegamos um pequeno barco à remo para atravessar o Rio Doce e do outro lado, um trator nos esperava. A noite caía e por dentro dela, viajamos por cerca de uma hora, nesse veículo rural. Fui emcima da roda, ao lado do pajé da tribo, Euclides. Homem com uma história incrível e detentor de um conhecimento invejável sobre a história da tribo, cura através de plantas, ervas e muito mais. Fica difícil falar tudo aqui...

Armar barraca no escuro, no meio do nada, foi dureza. Mas conseguimos. E a recompensa veio com a turma em volta da fogueira e um céu indescritível, entupido de estrelas, bem acima de nossas cabeças. Era possível até mesmo ver algumas estrelas cadentes.

Os Krenak têm uma história belíssima, cercada de conhecimento, cultura, tradições, rituais e algumas manchas. Foram expulsos de sua própria terra e depois a reconquistaram, com muito esforço. Uma certa empresa que construiu uma ferrovia bem no meio de seu território tem grande parcela de culpa pelo sofrimento que todo o povo Krenak passou. Só agora estão voltando a negociar, conversar, demonstrar algum interesse pela causa.

A diferença da realidade já começa aí. Não é como comprar um apartamento, parcelar, financiar, depois muda, compra, vende, aluga. É terra, maluco. Pedaço deles, que eles criaram seus filhos, netos, lugar onde plantam o seu sustento e fazem rituais de adoração à natureza, companheira de longa data.

A recepção foi muito boa. Pessoal tímido, simples, humilde, mas acolhedor e hospitaleiro toda vida. Definitivamente, mineiros.

- "Olha gente, se alguma coisa tiver ruim, vocês podem falar. Se a comida tiver salgada demais ou se vocês precisarem de alguma coisa, é só falar".

Esse foi o professor da tribo, Itamar Krenak, no nosso primeiro encontro. O cara tem apenas 27 anos, e hoje, é um dos principais integrantes da tribo na luta pelos direitos e causas indígenas. Na luta pela valorização da cultura, da história, da importância que esse povo tem há muitos anos e muita gente nem sabe. Eu também não sabia de nada. Li um pouco sobre eles antes da viagem, mas foi só lá mesmo que caí na real e pude descobrir tudo que eles passaram, passam e fazem para que as tradições sejam mantidas e preservadas.

Apesar da modernidade estar presente em algumas situações, a cultura, a língua, os rituais, a dança e os cantos, são bastante preservados e valorizados. MP3, celular, carro e câmera de vídeo são alguns dos acessórios utilizados por alguns Krenak. Mas isso não os faz menos índios. É inevitável a utilização de alguns aparelhos eletrônicos e muitos deles, são bastante úteis, como por exemplo o MP3 para colocar as músicas da tribo e também para gravar as reuniões com associações e sindicatos. Num momento de desespero, um veículo é essencial para a chegada mais rápida à cidade mais próxima, Resplendor, a 6km da aldeia. A TV serve pra passar o tempo, principalmente à noite, onde não existem muitas opções de lazer.

O dia começa cedo, com os galos cantando e as crianças correndo e brincando na aldeia, que hoje conta com 300 integrantes e 3 escolas. Na escola, as crianças têm aula de cultura, matemática, geografia... Muitos dos livros são doados por grupos de jovens de 18, 19 anos, da capital, que defendem a preservação da cultura indígena. Esses grupos já visitaram outras tribos, como as dos Pataxó. Exemplo para muitos estes grupos.

Do outro lado da tribo, ao longe, é possível ver uma montanha de pedras, um verdadeiro monumento. É o famoso 7 Salões, espaço enorme, utilizado pelos índios para rituais e visitas permanentes. Lá, a fartura de animais e peixes existe. Dizem que a água é cristalina e que o lugar é mais que sagrado. Pena que não fomos lá. Vai ficar para uma próxima oportunidade.

Uma das atividades mais interessantes foi participar de um ritual em volta da fogueira, com a presença de vários integrantes da tribo. Muita dança e música fazem parte deste ritual, em agradecimento à natureza e à presença dos ilustres visitantes. Instrumentos extraídos da própria natureza são utilizados nesse momento, que durou cerca de 2h. Só faltou aprender as músicas. A língua dos Krenak, definitivamente, não é de fácil compreensão. Mas só de participar de algo tão sagrado já fez a viagem valer a pena.

A tentativa de caça fracassou. Fomos em um grupo de 15 pessoas, acompanhados por “cachorros-caçadores”, treinados especialmente para esse tipo de situação. Acabamos assustando as capivaras, quem tem o olfato apuradíssimo. Até o cheiro de repelente é percebido pelas criaturas. Mas andar por dentro do Rio Eme, outro local de muita história e valor para os Krenak, foi outra experiência relevante. O Eme já foi muito mais cheio e limpo, mas pela presença do homem nas proximidades, o rio vem perdendo seus encantos, suas riquezas. Mas ainda existe a intenção de preservação e recolocação do rio no seu lugar de merecimento. Ainda é possível.

A aldeia é cheia dos pequenos. Crianças com 2, 3, 4 anos de idade, que fizeram a festa do visitantes, correndo e brincando a todo momento. Desde cedo, eles já são introduzidos na escola, para terem conhecimento da sua cultura, da sua história. Quanto mais cedo o ingresso, melhor. Como retribuição, a maioria pretende até sair para estudar e fazer uma faculdade, mas pretendem também voltar para seu povo, para suas raízes, para próximo daqueles que desde cedo, os ensinaram o respeito pelo próximo, o valor do povo e da sua cultura, a riqueza da sua história. Podem até sair, mas voltam. O futuro de amanhã são os pequenos de hoje. Senão, quem vai ficar para perpetuar tudo aquilo que envolve os Krenak?

Outra experiência bacana foi ver a partida de futebol dos Krenak no campeonato local. O time perdeu, muito por culpa do goleiro que falhou nos dois gols. O gol dos Krenak foi marcado de pênalti, pelo lateral-esquerdo Douglas, outra referência dentro da tribo. O duro foi a viagem de ida e volta, na carroceiria de um caminhão, cheio de gente se espremendo como bóias-frias. Foi duro, mas valeu. Chegou a ser engraçado ver todo mundo descendo do caminhão marrom de tanta poeira da estrada que pegamos. Culpa do motorista, que quis cortar caminho por uma estrada desativada e que é utilizada, até mesmo, para despejo de ossos de animais.

Só faltou a pintura e a volta com o tal do bambu, que emite um som bacana demais. Da próxima vez, volto pintado e praticamente, um músico.

Com certeza, vou voltar e levar mais gente comigo pra vivenciar essa experiência. Só indo pra ver como é. Os Krenak ganharam, de vez, meu respeito e admiração, por toda a sua história e lições que vou levar pra toda vida.






Erehé !






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quarta-feira, 7 de maio de 2008

Incoerência

A Marcha da Maconha foi proibida em vários estados brasileiros.

Senão me engano, apenas em 6 estados ela foi autorizada.

Um soco no estômago na liberdade de expressão.

Quem participa, não é necessariamente usuário. Quer apenas que o ato seja legalizado, que tudo seja regulamentado.

Uma vontade que deve ser respeitada. Temos ou não o direito de externarmos nossos pensamentos e opiniões?

O motivo para a proibição da Marcha foi a apologia que estaria sendo realizada; estariam apoiando uma causa ilegal, o uso de drogas, etc.

Ora, se é para proibir atos que apoiam causas ilegais, gostaria de saber o porquê de não terem proibido manifestações a favor do aborto, que também é considerado ilegal no país.

Faltou coerência.

E dá-lhe hipocrisia. ...read more ⇒
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quarta-feira, 30 de abril de 2008

RETRATAÇÃO VOLUNTÁRIA

Eu, DANIEL OTTONI, avaliei e repensei sobre o e-mail que enviei para você onde narrava um fato acontecido comigo e a agência Criativa Comunicações, nas pessoas do Sr. Amarildo Passos e do Sr. Ricardo Cardoso.


Gostaria, portanto, de me retratar. Fui convidado pela agência para fazer um teste pelo período de uma semana, pois este seria o único meio de mostrar meu trabalho, já que nunca havia trabalhado em uma agência de propaganda e que somente pelo meu portifólio não seria possível uma eventual contratação.


Devo esclarecer que, quanto à questão salarial, o assunto não teve maiores desdobramentos na medida que não fui aprovado pelos critérios da agência, os quais não compete a mim discutir. Com relação ao tratamento que o Sr. Ricardo me deu na recepção do hotel, creio que tudo não passou de um grande mal-entendido.


Durante o tempo que estive fazendo teste na Criativacom o Sr. Amarildo me tratou de forma profissional e com muito respeito e da mesma forma fui tratado pelos demais profissionais. Confesso que me arrependo dos e-mails que enviei e do que publiquei no meu blog, e me equivoquei ao avaliar a empresa e seus profissionais por um ato isolado e mal compreendido da minha parte, até porque os valores envolvidos eram mínimos, e uma agência de renome jamais colocaria sua reputação em risco por tal quantia.


Portanto, reitero meu pedido de desculpas ao Sr. Amarildo, ao Sr. Ricardo, aos profissionais que estão trabalhando na agência, aos clientes da agência, aos veículos de comunicação e todos a quem minhas palavras tenham chegado.


Grato pela atenção.


Belo Horizonte, 29 de abril de 2008.

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segunda-feira, 28 de abril de 2008

Tamancada

A de ontem foi a famosa tamancada. Que dureza.

Tomar de 5 das meninas é phoda.

Mas não foi a primeira vez. Já vi o Atlético tomar de 3, 4, 5, 6, dentro de casa. Para o mesmo Cruzeiro, para o Corinthians, para o Brasiliense...

O Atlético parece com o Botafogo. Tem coisa que só acontece com eles.

Graças a Deus, há algum tempo, não fico mais P da vida, como já fiquei muitas vezes. Não deixo mais um resultado desse influenciar minha vida, me deixar abalar. É só futebol, não é o fim do mundo.

Mas não posso dizer que é só o Galo.

Mas, com o tempo, aprendi a ter certos tipos de comportamentos e atitudes. Experiência própria.

Muito complicado ver um time sem laterais, sem volantes, com um ataque nulo e ainda contando com o capitão e o goleiro dando um azar tremendo. Logo os dois que são tão estáveis.

E ainda contamos com uma invenção do treinador (pra que Renan e Xaves?), que pra mim, deve ser mantido. Mesmo se for eliminado contra o Náutico. Muita gente vai me xingar, eu sei. Mas essa é a minha opinião. Se o time não começar bem as 5, 7 primeiras rodadas do nacional, aí tudo bem, manda o cara embora. Mas por enquanto, prefiro que ele fique. As opções de treinadores no Brasil, atualmente, são escassas.

Pra finalizar as lambanças, o presidente, mandando um torcedor pra PQP, logo depois do jogo, de cabeça quente. Desnecessário. Muita gente é a favor da saída do presidente. Eu não. Particularmente, eu gosto dele e sei das dificuldades de manter um clube falido como o Atlético, entupido de dívidas. Mas o cara tem que trazer um lateral e um centro-avante, por favor. E rápido.

É isso. Desabafei.

Agora é Copa do Brasil e o mínimo de dignidade no Brasileiro. ...read more ⇒
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sexta-feira, 25 de abril de 2008

Gastronomia e mecânica

Uma eu adoro. A outra nem tanto.

Mas descobri que é essencial ter um mínimo de conhecimento sobre as duas, para não passar por dificuldades, por menores que sejam.

Ficar no meio da rua, sem saber o que aconteceu com o carro, correndo o risco de ser enganado na primeira oficina que aparecer ou no meio do mato comendo "nissin que nojo" não dá.

Um dia eu aprendo. ...read more ⇒
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terça-feira, 15 de abril de 2008

Doação de Sangue

Olá pessoal.

O pai de um grande amigo do meu irmão está com leucemia e precisa, urgentemente, de doadores.

Quem puder ajudá-lo, pode fazer a doação no Hospital Biocor, nas 6 Pistas.

O nome dele é José Soares Diniz Neto.

Não custa nada.

Pode ser que um dia, alguém mais próximo de nós precise também...

Eu já fiz minha parte.

E você? ...read more ⇒
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Refazenda

Era a primeira vez que ia a um casamento após o seu próprio casamento. Acompanhado da esposa, saiu, em traje de gala, atrasado. O relacionamento dos dois era ótimo. Brigas praticamente inexistiam. Algumas discussões apareciam, uma vez ou outra. Coisa mais que normal. Morar junto dela era o que ele mais desejava naqueles últimos anos. Depois de um namoro de sete anos e mais um de noivado, já estava na hora de casar e colocar a relação em outro nível. E sentia que aquela era a melhor época do relacionamento: morando junto e sem filhos, por enquanto. Todo o tempo que tinham era para um aproveitar a presença do outro. Os descendentes chegariam, mas não agora. Agora era o momento ideal para aproveitar o que tanto queriam.

A vida era tranqüila: do trabalho pra casa, da casa pro trabalho, às vezes um futebol, um buteco, uma saída, um jantar...As contas eram pagas integralmente e era possível até mesmo juntar um pouco mais para o futuro. Tudo na paz.

Depois de esperar a querida esposa se arrumar por mais de 50 minutos, finalmente deixaram a casa que moravam para atravessar a cidade, rumo à igreja onde o casal de amigos se casaria. A felicidade de presenciar tal fato era bem parecida com a que sentiram quando se casaram.

Como em toda cidade grande, o tráfego apareceu rapidamente. O atraso seria maior ainda. Não era possível saber se o congestionamento era causado pelo excesso de carros que engolia a cidade a cada dia ou se havia sido provocado por algum acidente ou blitz de trânsito. Agora era ter paciência. Ligou o rádio e abriu os vidros da frente apenas um pouco, devido à chuva que começava a cair. Alguns ignorantes buzinavam incessantemente, como se fosse adiantar. Bem devagar, o trânsito caminhava.

Chegando próximo ao semáforo, o susto. Uma moto com dois ocupantes se aproxima do carro e quando se deram conta, o pequeno espaço do vidro aberto era “ocupado” pelo gatilho de uma arma. Algo era dito pelo dono da arma, mas era difícil de entender tanto pela chuva como pelo capacete que abafava o som do voz. Provavelmente pedia dinheiro, relógio, qualquer coisa. Sem tempo para pensar, pegou a bolsa que estava no colo da esposa e começou a abrir o vidro para entregá-la. Tarde demais. O sinal abriu e o disparo fora inevitável para o menor de idade, aprendiz de assaltante, que se encontrava visivelmente nervoso. A moto partiu em disparada por entre os carros. O desespero apenas começava. O tiro atingiu a mulher, no rosto. Ela parecia desmaiada, mas respirava com alguma dificuldade. Tinha pouco tempo para salvá-la.

O hospital mais próximo dali era a uns 7km, o que daria uns 5 minutos, sem trânsito. Mas era uma sexta-feira à noite, e os 5 minutos facilmente se duplacariam, triplicariam, com tantos carros pela frente. Ligou o pisca-alerta, abriu o vidro e começou a buzinar. A todo momento olhava para a esposa. O desespero se misturava com choro, medo, aflição. Um filme começou a passar pela sua cabeça. Para quem não sabia o que ocorrera, ele era mais um idiota a buzinar para que o trânsito sumisse de sua frente.

Após 15 minutos de muita luta, conseguiu chegar ao hospital. A esposa foi rapidamente colocada em uma maca e encaminhada para a cirurgia. O tempo corria contra eles. A todo momento, buscava informações com funcionários e médicos, que sempre lhe pediam para esperar; a cirurgia ainda estava em andamento.

Às 2h12, o óbito. Não foi possível salvar a paciente, que perdeu muito sangue no caminho e chegou ao hospital praticamente sem vida. Não sabia no que pensar. O casamento já nem era mais lembrado. O corpo seria encaminhado para o IML em breve. O médico responsável pela cirurgia, o aconselhou a ir para casa, tomar um banho, descansar um pouco e voltar pela manhã para as últimas providências.

Entrou no carro cheio de sangue e desabou. A roupa quase vermelha foi encharcada pelas lágrimas que tomaram conta daquele viúvo precoce de 29 anos. Começou a pensar em Deus. Por que aquilo aconteceu? Ele merecia? Pensou no assassino, no trânsito que enfrentaram, na saída atrasada de casa, na abertura da pequena brecha do vidro, em cada detalhe daquela noite. Começou a se sentir culpado por ter aberto o vidro do carro, por não ter furado o sinal antes da chegada da moto, por não ter saído antes de casa...o desespero imperava. Não sabia para quem ligar, o que fazer, era tudo muito recente. Perdera seu porto seguro, sua fiel companheira, presença constante na até então feliz vida que tinham.

Mesmo anos depois, a lembrança o atormentava. Não se acalmava em um congestionamento, ao ver carros e mais carros uns atrás dos outros, naquela lentidão eterna. O morar sozinho era pior ainda. Olhava para os lados e nada via, a não ser as fotos de quem hoje com certeza estava melhor acompanhada.

Chegou à conclusão que ficaria doente se continuasse daquele jeito. Todos os dias aquele trânsito infernal o atormentava. Mas o seu incômodo era muito maior do que os dos outros que tinham que enfrentar aquela infinidade de automóveis para chegar ao destino. A cada pequena acelerada, a lembrança de tudo, da moto, da útima conversa, da bolsa, da arma no vidro, do disparo, da fuga. Não podia viver daquele jeito.

Com as economias que tinha, se mudou. Para longe, onde carros eram raros e o silêncio estava sempre presente. Lugar mais tranqüilo que uma boa e velha roça era difícil de existir. Acordar com o cheiro de café moído e poder ver um grande curral da janela do seu quarto o livrava de qualquer tormento. A lembrança ainda persistia, mas hoje, com a ajuda de uma moradia mais calma e menos estressante, convivia com ela de uma forma mais pacífica, mais amena, muito mais saudável. Aceitou o acontecido, perdoou o autor e acreditava que aquela mudança fora significativa para seguir em frente. Nada mais podia ser feito. Mas tinha a certeza de que a presença da cidade grande o colocaria doente em poucos anos, ou até meses.

A sua preocupação agora era somente tomar conta do gado, da pequena horta e treinar o time de futebol amador da cidade. Seu meio de locomoção era uma bicicleta velha, usada há anos pelo dono do armazém da esquina, que lhe vendera por uma barganha. Pode-se dizer que, de certa forma, reencontrou a felicidade, mesmo sozinho.

Os amigos o visitavam com freqüência e preenchiam, de alguma forma, o vazio que nunca mais sairia da lembrança. ...read more ⇒
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segunda-feira, 31 de março de 2008

João Congo


Nunca tinha ouvido falar em João Congo. Muito menos visto. E foi, do nada, que acabei conhecendo a mais bela espécie de pássaro que existe no planeta. Conhecendo "de ouvir", é claro. Para vê-los, não é fácil.

Ontem, acompanhei o pai de um amigo em uma visita à uma amiga artista plástica chamada Valdelice Neves. A dita cuja é simplesmente um encanto. Super educada, com uma voz doce, suave e uma gargalhada contagiante. Super alto astral, bom humor lá em cima, difícil de não se encantar. Assim que entramos, me surpreendi com sua casa, cheia de quadros e pinturas por todos os lados. Deviam ter mais de 200 quadros na casa, por todos os lados mesmo. Mas a paixão da artista plástica é o João Congo, pássaro que possui 49 espécies e tem um canto belíssimo. Um não, vários. O João Congo imita o canto de todas as aves existentes na floresta. E essa é apenas uma das características deste pássaro, que só vive em bandos e é extremamente sociável com seus "parentes". Tão sociável, que seus ninhos são construídos todos próximos uns aos outros, como ilustra a figura acima. O ninho tem o formato de uma bolsa, de cerca de 30cm de comprimento.

Além disso, o João Congo é extremamente fiel. Uma vez escolhida a companheira, aquela será a única que irá passar pela vida do macho. Mesmo após a morte da companheira, o João Congo permanece sozinho. Para sempre. Existe um relato de um macho que, após a morte da companheira, vai até o local onde eles foram separados. Diariamente.
Os ninhos de João Congo são extremamente interessantes. Parecem uma grande bolsa, com uma estrutura mais "sólida" na sua base, onde ficam os filhotes. O ninho é tecido com o pássaro de cabeça para baixo e as "costuradas" realizadas pelo pássaro para a construção do ninho são mais rápidas do que agulhas de uma máquina de costura. Que belo espetáculo deve ser ver um João Congo tecendo sua casa. O detalhe é que, próximo à todos os ninhos de João Congo, existe uma casa de marimbondos-flecheiros, espécie mais agressiva de marimbondos, que os protege. Quem ousa se aproximar é picado incessantemente, muitas vezes até a morte.

O fato da proximidade entre João Congo e marimbondos também chama a atenção. Baseada em pesquisas e relatos da população indígena da Amazônica, Valdelice Neves criou uma lenda (existem várias outras) que diz que, enciumado pelo canto e pela imensa vaidade e beleza do João Congo, o pássaro Tanguru Pará resolve se manifestar juntamente com as outras aves da floresta. Diz a elas que é um absurdo um pássaro se comportar daquela forma exagerada, um desrespeito enorme com os outros habitantes da floresta. As aves acabam sendo convencidas pelo Tanguru Pará e resolvem ir ao pai da Floresta, que agora tem o nome esquecido por mim. O Tanguru Pará, representante daquela associação, diz ao pai da floresta tudo o que pensam, e acabam por convencê-lo também. O pai da floresta resolve chamar João Congo e muito aborrecido, lhe informa sobre a visita que recebeu e resolve lhe punir de duas formas: o João Congo viveria para sempre ao lado de marimbondos-flecheiros e deixaria de cantar, para todo o sempre. Desesperado, o João Congo, imediatamente resolve correr atrás do prejuízo.

Como ave inteligente e sabida que era, ele resolve se aproximar dos marimbondos e explicar-lhes o ocorrido. E diz aos marimbondos: fui condenado e terei que viver próximo à vocês eternamente. Os marimbondos aceitam, mas com algo em troca, é claro. O João Congo lhes oferece a sua sabedoria. Sabendo que os marimbondos se aproveitam do que lhes passa ao seu redor para construir suas casas (os marimbondos não tem condições de construir seu ninhos através de sua própria capacidade e aproveitam as formas existentes ao seu redor), o João Congo lhes oferece a sua bela arquitetura, que seria então, aproveitada e copiada pelos marimbondos, que aceitam o pedido e chegam a um acordo.

Pois bem. A primeira parte do plano estava pronta. Agora faltava a parte do canto. João Congo resolve passear por toda a floresta e ouvir todos os pássaros que ali existiam, gravando todos esses cantos para sempre em sua memória. No entanto, seu canto original nunca foi recuperado. Além disso, existe uma única espécie de pássaro que o João Congo não imita o seu canto: o Tanguru Pará. Traidor! Isso é fato, de verdade mesmo. Qualquer espécie de João Congo não suporta ver um Tanguru Pará. Assim que um bando de João Congo avista um Tanguru Pará, eles batem em retirada, imediatamente.

Dizem que o canto mais triste da Floresta Amazônica é o do Tanguru Pará, por não ter seu canto imitado pela mais bela e inteligente ave da floresta e que quando ele canta, parece que a floresta chora, de tanta tristeza que existe em seu som. Ao contrário dos cantos do João Congo, que são considerados a alegria da floresta e extremamente contagiantes. Seu bom-humor é outra caractéristica bastante conhecida.

Todas essas informações são passadas, de geração em geração pela população indígena, que não deixa tais histórias se perderam no tempo, ao contrário da nossa cultura. Todas as histórias indígenas são passadas aos mais novos e recebem uma valorização bem maior que a nossa.
Além disso, o João Congo serve como referência para muitas populações ribeirinhas. Ao perceberem, que o João Congo faz seu ninho em uma parte mais baixa da árvore, a população sabe que naquele ano, será uma época de seca e deixam de plantar e realizar outras atividades em virtude da seca que virá. No entanto, quando o João Congo faz seu ninho nas copas das árvores, é sinal de que aquele ano será de cheia, deixando toda a população feliz com as chuvas que virão. Sábia mãe-natureza!

Fiquei impressionado com os relatos de Valdelice Neves. Conversamos (conversamos não, ouvi) por cerca de 40 minutos sobre o João Congo, suas histórias e as visitas que ela fez à Floresta Amazônica, juntamente com seus guias, á procura de ninhos e informações deste belo pássaro.
Valdelice Neves também realiza um belo projeto com ex-pichadores, que estavam inseridos no mundo das drogas e criminalidade e que hoje, são grafiteiros, artistas e educadores de outras crianças residentes em áreas de risco.

Do nada, recebi uma aula de tirar o fôlego. O que era para ser uma visita, acabou sendo umas das maiores experiências que já tive. Fiquei impressionado com tudo: com a casa, com a dona da casa, com suas obras, suas histórias, sua forma de ser, falar, ouvir...

Pretendo voltar lá, com um caderno de anotações e passar horas e mais horas ouvindo relatos e causos desta artista plástica tão famosa, mas que até então era desconhecida por mim.

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segunda-feira, 24 de março de 2008

Por um dia

Nunca havia saído de sua terra natal. E com certeza o Brasil não era uma das primeiras opções quando pensou, anos atrás, em visitar um país estrangeiro. Mas ali estava, por força do destino. Nunca pensou que gostaria tanto de um país de terceiro mundo. E ele estava ali há apenas 3 dias. Mas tudo lhe encantava, tudo era muito diferente. Fruto do fato de sair do país de origem e até mesmo do estado natal após os 20 anos de idade. Seu mundo era somente aquele, sempre fora.

Agora, tudo era novidade: os carros, as pessoas, a língua, a comida. Mas tudo lhe caíra super bem, adaptação melhor impossível. A recepção dos amigos anfitriões não era novidade. Já os conhecia de festas e viradas quando estiveram no estrangeiro. Agora, aquele que ali chegava, estava no papel inverso: agora, era ele o de fora, o visitante. E estar por perto de quem já conhecia tudo ali, de quem nascera naquele local facilitava tudo.

O que mais lhe impressionara, até então, era a hospitalidade das pessoas. Quem diria, que logo num país de terceiro mundo, as pessoas seriam muito mais simpáticas, cordiais e atenciosas do que outras de um país conhecido pela altíssima qualidade de vida. Apesar de todas as dificuldades que ele sabia que aquelas pessoas enfrentavam todos os dias, a vontade de deixá-lo à vontade era nítida.

Ficou impressionado quando, em um dos primeiros semáforos que parou, viu um garoto correndo lá de perto do sinal, vindo em sua direção, parando em frente a cada um dos carros, sabia-se lá porquê. Só quando o garoto se aproximou é que pôde notar que ele deixava um saco de balas com alguma mensagem em cada um daqueles retrovisores. E logo quando acabava de colocar o último saquinho, já voltava recolhendo-os, com pressa, antes do sinal abrir.

Só aí é que ele viu, de verdade, o que muitas pessoas faziam ali para ganhar a vida. É claro que já tinha ouvido falar da situação difícil que muitas pessoas passavam no Brasil, da pobreza e miséria. Mas ouvir é uma coisa e vivenciar, presenciar ali, ao vivo, era outra, completamente diferente. De imediato, começou a pensar onde estariam os pais daquela criança, que não devia ter mais que oito anos. Onde moravam e em que situação, o que comiam, como era o dia-a-dia de cada um deles. E logo começou a imaginar que deviam existir milhares de outras que faziam aquele mesmo "trabalho" do garoto ou algo parecido, ou não tão parecido, para tentar ganhar um troco, manter a vida. E só aí é que a ficha caiu, ao pensar, na alternativa de assaltos, roubos e adjacentes que muitos escolhiam para tentar sair daquela situação em um tempo mais rápido.

E pensando em toda essa situação, o tempo voou e logo chegou ao destino, à sua "casa" naquele mês de outubro. No dia posterior, ele teria uma experiência que nunca mais esqueceria.

Logo nas proximidades do estádio, já havia grande movimentação de pessoas. Todas com camisas das cores do clube, bandeiras e faixas. Bem próximo ao estádio, a famosa "concentração". Todos reunidos, no bar de sempre, se "concentrando" para o grande jogo que aconteceria em breve. Cantos e gritos eram externados o tempo todo. Nunca vira algo como aquilo na vida. Aquilo sim era fanatismo.

Estádio cheio, foram obrigados a parar o carro há algumas quadras do portão de entrada. Oportunidade ideal para o gringo circular um pouco por dentro da massa, sentir o clima, estar ali presente, como qualquer outro. A venda de ambulantes no caminho lhe chamou muito a atenção. Cada um procurava chamar a atenção dos milhares de clientes à sua maneira. Voltou à sua memória a situação do garoto do semáforo. Bem à sua frente, um homem sem camisa com uma tatuagem nas costas. Algo escrito em português não lhe era compreensível. Perguntou ao amigo anfitrião, que era seu tradutor oficial, do que se tratava e não acreditou quando soube que ali, estava o refrão do hino do clube.

Antes da subida para as cadeiras, mais uma cerveja. Achava sensacional a idéia de comprar duas latas de cerveja com apenas um dólar.

Quando entrou no estádio, já tinha bastante álcool no sangue. Quando entrou naquele túnel e pôde ver, pela primeira vez, aquela torcida de que tanto ouvira falar, enchendo e colorindo o estádio, foi uma das maiores sensações de sua vida. Pôde, finalmente, sentir toda aquela vibração que havia escutado por várias vezes.

A entrada do time em campo foi um êxtase. Muitos fogos e uma bandeira gigante, que ocupava quase toda a arquibancada não deixaram que ele prestasse atenção nos jogadores que adentravam o gramado. Tudo ali era novidade, o tempo todo.

Local escolhido, boa visibilidade e uma certa distância do local de maior aglomeração ajudaram que o jogo fosse visto com maior tranqüilidade. O resultado foi o de menos. O que valeu para aquele estrangeiro, naquele dia, foi ser um atleticano de verdade, estar ali presente com a massa, sentir a vibração da torcida, cantar, pular, vivenciar um dia de clássico.

Fizera parte do que tanto ouvira e realmente era aquilo tudo que lhe contaram. Ou mais. Saiu de "alma lavada" do estádio, agradecendo pela oportunidade de uma experiência inesquecível, que só seria presenciada novamente, ali, naquele lugar, naquela cidade, com aquele time e aquela torcida.

Agora entendia a felicidade e o orgulho que era em ser um atleticano nato.


*Homenagem à Graham Taylor, the canadian waiter. ...read more ⇒
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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Robin Hood

Apoiado em seu instrumento de trabalho, Avelino olha pra cima. O céu azul, sem nuvens, sol ameno, temperatura agradável. Não para trabalhar, é claro. O ideal seria se estivesse à beira-mar, cerveja gelada, sombrinha...mas nem tudo é perfeito. Estava realmente sonhando acordado. Despertado pelo carro que entrava no depósito do hospital, a volta à realidade.

Recomeça a limpeza, varrendo até chegar ao corredor interno do imenso prédio de 16 andares. Ali, ele era apenas mais uma das quase 3000 pessoas que circulavam diariamente. Agradecia à Deus pelo emprego e pela condição de estar vivo, com saúde, inteiro. Em um lugar repleto de situações adversas à essa realidade, não tinha como deixar de agradecer diariamente. Cirurgias, macas, ambulâncias e a grande e constante dúvida entre a vida e a morte era o que se mais notava. Viver sob tal dúvida com certeza era cruel. Depender de médicos, aparelhos e quem sabe do destino, fazia de qualquer paciente, ali presente, um cidadão com a presença colocada em cheque à todo o momento.

Mesmo assim, Avelino buscava sempre manter o bom humor e a auto-estima elevada. Era um dos funcionários mais antigos da casa e servia de exemplo para muitos, até mesmo para pacientes e médicos. Viúvo, vivia sozinho e sua vida se resumia ao trabalho. Fora dele, era uma pessoa comum, com poucos amigos, parentes, e devido à idade avançada, aguardava desta para uma outra melhor. Mas tinha boa saúde e isto lhe bastava. Não abria mão de sua cervejinha semanal. Quando se atrasava para o dito lazer, costumava contar a perda de tempo não pelos minutos em atraso, mas pelas cervejas não tomadas. Figuraça.

Turno da tarde: 6º andar, Pediatria. Duas alas repletas de crianças, bebês, pais e enfermeiras. A fila do elevador era enorme, resolveu subir a pé.

Eram apenas mais três horas de trabalho antes de voltar para o conforto do lar no subúrbio da cidade. O trabalho fluía normalmente, quando Avelino, em um dos seus rápidos descansos, percebeu que alguém o olhava, fixamente. Os olhos negros, as mãos pequeninas apoiadas ao berço e o balbuciar lhe chamaram a atenção. Encostou a vassoura na parede, do lado de fora, e aproximou-se. O sorriso no rosto, mesmo com os poucos dentes, era nítido. O braço da criança esticava, como se o buscasse.


Junto ao berço, uma placa com informações sobre o paciente. Diego, 2 anos, cateterismo. Não tinha a menor noção do significado da palavra cateterismo. Ninguém por perto. Os pais deveriam estar por ali, logo voltariam. Na mesa, ao lado, alguns livros infantis, uma mamadeira, abajour e um óculos, provavelmente de um dos pais. A cadeira vazia, ao lado do berço, era convidativa. Sentou-se.

Diego aproximou-se com seus pequenos passos até tocar a mão de Avelino, na grade do berço. A diferença entre os dedos e as mãos era espantosa. Passou a mão pela cabeça da criança, quase careca. O dedo indicador, que parecia mínimo, apontava para a pilha de livros infantis. "Garoto esperto" - pensou Avelino, buscando escolher um dos livros. Não teria mal em ler uma história para o garoto.

Dentre os livros, escolheu Roddin Hood. Leu tudo, do início ao fim, enquanto o pequeno Diego escutava e se distraía com um de seus brinquedos. No fim da história, na última frase, um sorriso, como se a criança agradecesse a aquele mero faxineiro pelo tempo presente ali com ela e pela leitura de um de seus livros preferidos.

Avelino não conhecia a história que acabara de ler, sobre o jovem garoto, que correndo riscos, roubava dos ricos para dar aos pobres. "Que exemplo" - pensou. Deixou o livro juntamente com os outros e antes de sair, disse ao garoto: "Você pode ficar tranqüilo, que tudo vai dar certo." E voltou ao trabalho, antes da volta dos pais do garoto.

Avelino saiu do hospital naquele dia pensando no garoto Diego. O que seria o tal cateterismo? Seria grave? Diego sairia dessa? Acreditava que sim. Um garoto como aquele, tão pequeno, tão novo e carismático não poderia ter a vida interrompida precocemente. Mas sabia que nem tudo podia sair da forma como desejava.

No dia seguinte, Pediatria novamente. A vida de Avelino não apresentava grandes mudanças, mas era tranqüila. Com o acontecimento do dia anterior ainda na cabeça, Avelino subiu as escadas. Há quanto tempo ele não tinha um contato daqueles, com uma criança...tal fato lhe lembrou da época de casado, quando ele e sua mulher tentaram a todo custo ter um filho, sem sucesso.

Avelino foi até o quarto onde Diego estava e para sua surpresa, o berço estava vazio. No entanto, os pertences do garoto ainda estavam lá. Provavelmente saíra para um banho, talvez um lanche.

Decepcionado, continuou seu trabalho. Já era hora de ir embora, quando resolveu passar, mais uma vez, no quarto do garoto, antes de sair para o seu merecido descanso. Para a sua surpresa, lá estava o garoto dormindo, descansando, com seus brinquedos ao lado. Em volta do berço, os pais do garoto o olhavam ao lado de uma enfermeira, que fazia anotações. A mão colocava algumas roupas na mochila. Parecia que tudo havia saído como esperado. Esperou os pais saírem com a criança para ter a confirmação com a enfermeira. A operação fora um sucesso, mas o garoto precisaria retornar para outros exames, antes de receber um diagnóstico definitivo. "Menos mal" - pensou.

Aquele garoto lhe fizera um bem danado. Lhe touxe recordações e sentimentos que pareciam escondidos há muito tempo em algum lugar. Nunca pensara que ficaria tão ligado a um paciente, que antes era como qualquer outro que estivesse ali. Mas o toque e o olhar de Diego fizeram daqueles dois dias, os melhores de Avelino dentro daquele hospital.

E a história de Robbin Hood pareceu real, ao receber tantas coisas boas, de uma pessoa que parecia que não tinha nada a oferecer.


* Baseado numa história real. Homenagem ao menino Esdras. ...read more ⇒
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terça-feira, 22 de janeiro de 2008

11ª Mostra de Cinema de Tiradentes



O final de semana passou voando. Mas foi bom demais. Eu e PC fomos à Tiradentes, na tão famosa Mostra de Cinema. Para quem nunca foi, aí vai a dica: vá. Quem já foi sabe do que estou falando. Muita gente bonita, alguns famosos, filmes não muito divulgados, oficinas para atores e interessados, shows e espetáculos fazem parte da programação gratuita do festival na cidade histórica, que é belíssima e está completando 300 anos de vida.

Na sexta, "Falsa Loura". Gostei, mas podia ser melhor. A sexta valeu mesmo quando dois convites para a festa com atores, produtores, diretores, etc, caiu de mão beijada em nossas mãos. Festa fina. Saímos de lá às 5h e demorei a perceber que quem estava no banco da frente do carro era o 02 do "Tropa de Elite". Gente fina a figura.

No sábado, "Alucinados". Achei melhor que o filme de sexta. Infelizmente, vimos somente esses 2 filmes, devido à alguns imprevistos...

No geral, valeu demais. Acho que a mostra serve muito mais para divulgar filmes não muito conhecidos do que para a exposição de filmes premiados e elogiados pela crítica. A ida à Tiradentes vale muito mais para conhecer a cidade, participar do festival, ver gente bacana, estar presente do que para ver os filmes. Mas essa é só minha opinião. Aconselho a quem for pesquisar bastante os preços de pousadas, porque a diferença não é pequena.

Na volta, demos sorte de descolar uma carona e dar uma economizada. A dica da PC foi ótima. Valeu a insistência dela para irmos. Ano quem vem pretendo voltar. A turma está convidada.





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terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Vai e volta

Sou um grande fã de futebol. O esporte mais popular do mundo está presente em minha vida desde os 3, 4 anos de idade. Mas escrevo pouco sobre futebol no meu blog. Deveria escrever mais, até porque considero que tenho um bom conhecimento sobre as novidades do mercado, histórias, jogadores, etc.

Mas não posso escrever muito sobre futebol. Senão muita gente deixa de visitar o Ficaketo. Mas hoje irei escrever sobre algo que me incomoda muito no mundo da bola: o vai e vem de jogadores.

Todos sabem que é o sonho de qualquer jogador atuar no exterior, de preferência na Europa, onde o salário é incomparável ao praticado no Brasil e onde a visibilidade para outros países é muito maior. Até aí tudo bem. O cara ralou um bucado nas categorias de base, peneiras, campeonatos amadores, etc, e enfim, conseguiu um lugar ao sol, em um time profissional, que lhe possibilite alguma exposição na mídia. Jóia.

Depois de algum tempo, o cara começa a jogar bem, fazer gols, se destacar e é claro ser sondado. Empresário daqui, empresário dali, imprensa emcima...o cara fica doido. Só de imaginar que pode-se ganhar quatro, cinco, seis vezes mais que aqui e ainda por cima, morar em países como França, Espanha e Itália é de fazer qualquer um (re) pensar na carreira. Mesmo sendo um pouco precoce, muitos vão. E voltam. E é aí que está o problema.

Acho que quando um cara resolve ir pro exterior, o cara tem que saber o que está no pacote. Língua diferente, comida diferente, futebol diferente, treinador chato, banco de reserva, às vezes mais pressão do que aqui, entre outras coisas. Aí o camarada encontra a primeira ou segunda dificuldade, sente um friozinho, não gosta da comida, morre de saudade do cachorro, da mãe, do pai e volta correndo pro Brasil. Brincadeira.

O ideal seria o cara passar por cima de tudo e de todos e tentar ao máximo, se manter na Europa, com todas as dificuldades que existem para qualquer pessoa que vá morar em um outro país. Dificuldades, é claro que irão existir, mas é nessa hora que você vê se o cara é ou não persistente, cabeça boa, maduro...

É muito fácil voltar correndo pro Brasil, onde a maioria dos times está cheio de perna-de-pau e faria qualquer coisa pra ter em seu elenco um jogador com passagem pelo futebol europeu.
Tenho certeza que a recompensa pra quem fica, encara as dificuldades e se sai bem é muito maior do que daquele cara que foi, não suportou a pressão e voltou ao que era antes. O cara batalha tanto pra subir na carreira, ganhar um salário bom pra ajudar a família e resolve abrir mão de uma oportunidade que pode ser única por causa de uma ou outras dificuldades que com certeza aparecerão.

Não concordo mesmo com isso. A não ser como no caso do zagueiro Ânderson, ex-Corinthians, que tinha proposta do Cruzeiro e queria e necessitava voltar ao Brasil devido ao filho doente que aqui estava, necessitando de amparo e tudo o mais. Aí é outro caso. Já envolve problema na família, necessidade de estar presente para superar uma dificuldade séria. Eu disse séria. E não um sushi ou um frio de não sei quantos graus que o cara não suporta e volta correndo.

A figura devia saber desde sempre que Europa, Japão, Arábia, etc, não é Brasil. Que dificuldades aparecerão e devem ser enfrentadas. E como disse anteriormente, a recompensa será muito maior para aqueles que superarem as dificuldades que existem em morar em outro país. É tudo uma questão de tempo para que o jogador se adapte ao novo lugar e possa desenvolver o futebol que fez com que milhões de euros o tirassem de sua terra natal.

Voltar é muito fácil....quero ver é correr atrás e se tornar um ícone ou ídolo no futebol europeu. Impossível não é. Quantos jogadores brasileiros já foram e ficaram vários anos na Europa, apresentando um futebol de qualidade?

Exemplos não faltam. Tanto de um lado como de outro. ...read more ⇒
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quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Lesbians

Ano passado, vi uma reportagem no Fantástico que me chamou a atenção. Duas professoras, de uma mesma escola pública de Campo Grande, se apaixonaram e resolveram comentar com uma colega de profissão sobre o caso, que acabou chegando à Secretaria Municipal de Educação. Resultado: ambas acabaram sendo afastadas por tempo indeterminado, acusadas de expor a vida pessoal e de darem abertura à "possíveis conseqüências desastrosas", segundo a ATA de reunião da diretoria do colégio.

Achei um absurdo. Na minha opinião, o preconceito é claríssimo. As professoras foram afastadas pelo simples fato de serem homossexuais. Se o caso fosse entre um professor e uma professora, com certeza, nada teria acontecido.

Segundo o prefeito de Campo Grande, é inadmissível que tal situação ocorra dentro de uma escola, que é um lugar para ensinar e aprender. Que infelicidade do prefeito...

Esta seria uma ótima oportunidade de ensinar as crianças sobre algo que elas presenciarão até o final de suas vidas: o respeito para com as diferenças. Nem todos somos iguais...

As crianças que estão nesta e em qualquer outra escola com certeza irão vivenciar (se já não vivenciaram) casos de homossexualidade em suas vidas. Nada mais correto do que ensiná-las a respeitar e a tentar entender que a situação é muito comum nos dias de hoje. Claro que isso não se daria de uma hora para outra. Seria necessário tempo. Tempo que também é necessário para uma criança aprender a somar e a ler, por exemplo. O que não se pode acontecer é esconder o fato das crianças, e pior, mostrar a elas que é incorreto se apaixonar ou ter uma relação com uma pessoa do mesmo sexo.

Na minha visão, as crianças aprenderão que a homossexualidade deve ser combatida, discriminada, erradicada, quando o exato contrário deveria ser mostrado a elas de forma transparente e sincera. Mostrar que é normal que tal situação aconteça, que o respeito deve existir antes de tudo, que as professoras já têm idade para decidir o que acham melhor para suas vidas e que somente elas podem ou não continuar com a relação. Da mesma forma que acontece com homens e mulheres, acontece também com pessoas do mesmo sexo.

Além do mais, todos sabemos que o número de homossexuais, hoje, é muito maior que há 10, 15 anos atrás. E é provável que, um ou outro (s) aluno (s) da mesma escola em Campo Grande, descubra em poucos ou muitos anos que é homossexual e que é essa a opção que levará para a vida toda. Com certeza, esse indivíduo se lembrará das professoras da sua escola, que foram afastadas ao terem sua vida amorosa descoberta.

Discriminação maior que esta é difícil de achar. Não sou a favor da homossexualidade e sim de cada pessoa escolher o que é melhor para ela mesma. Cada um tem o total de direito de fazer suas escolhas, de escolher o caminho que deve seguir. E não ser discriminado somente pelo fato de ser minoria. Torço para que as professoras vençam na justiça a batalha, que provavelmente, se arrastará durante um bom tempo.

Que a justiça seja feita. E as decisões de cada um respeitadas.


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