| |

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Valeu Guga !

Já ouvi muita gente falar mal do Guga. Que o cara estava velho pro tênis, que não servia mais, que o tempo do cara passou, etc. Esses mesmo aplaudiram o "manezinho da ilha" de pé quando se tornou campeão (1997), bi (2000) e tri (2001) de Roland Garros.

Muito fácil aplaudir quando o cara tá bem, e meter o pau quando o cara tá mau. É claro que ele não estava no mesmo nível de antes, por diversos fatores. O tempo passa e as lesões aparecem, o que para qualquer atleta é uma perda de tempo enorme até voltar à velha forma.

Mas temos que reconhecê-lo pelo que fez pelo tênis brasileiro. Nunca, nenhum tenista, fez o que ele fez, chegou onde ele chegou. E é claro que não foi de graça. O cara passou por maus bocados ainda jovem, aos 8 anos, quando seu pai faleceu apitando uma partida de tênis. Logo seu pai, motivador incessante desde sempre. Infarto.

Em 2007, perdeu o irmão Guilherme, que devido à problemas durante o nascimento, tinha paralisia cerebral e microcefalia. Tudo isso só deu força ao dedicado tenista, que com 10 anos se tornou campeão catarinense da categoria.

Guga teve Larri Passos como segundo pai durante boa parte do tempo, dentro e fora das quadras. Larri acompanhou Guga desde hotéis de baixo escalão até o mais conceituado Ritz, em Paris. Por alguns problemas, Guga e Larri se separaram em 2005, mas voltaram a treinar juntos um ano depois.

Larri também acompanhou Guga na sua trajetória em Blumenau. Quando tinha 14 anos, Guga recebeu um convite de uma empresa, que o patrocinaria. Mas para isso, era necessário morar e treinar em Blumenau e para lá ele foi, sem nunca abandonar os estudos.

Guga, com certeza, foi o responsável pela "febre" do tênis no Brasil, há alguns anos atrás. Pena que a "febre" passou e não foi aproveitada da forma como deveria, principalmente pelo governo, que poderia ter feito mais ações a favor da propagação do esporte no território nacional. Esse momento deveria ter sido melhor aproveitado. Sabe-se lá quando teremos um momento como aquele.

Agora, estamos mais uma vez, orfãos. É claro que existem outros bons tenistas no cenário nacional, como André Sá, Flávio Saretta, Daniel Mello e o mais bem pontuado tenista brasileiro no ranking da ATP, Thomaz Bellucci.

O mais sensacional em relação a Guga é que ele nunca perdeu a simpatia e a humildade. Parecendo sempre estar de bom-humor e tranquilo, ele nunca perdeu a cabeça nem o equilíbrio, mesmo quando milhões de dólares começaram a entrar em sua conta bancária. Seu irmão Rafael sempre foi o responsável pelas finanças e sua amiga Diana Gabanyi, nunca deixou de ser sua assessora de imprensa. Esta, chegou a hospedar Guga em sua casa, Em SP, durante alguns torneios.

Guga é um exemplo de pessoa e atleta e serve de inspiração para muitas pessoas.

É por isso também que fico calado em relação ao Rubinho Barrichello. Poucos sabem da história do cara antes de entrar na F-1. Tudo o que ele passou, sofreu, ganhou e perdeu para estar hoje entre os melhores do mundo. Além disso, o cara é o piloto com mais número de grandes prêmios na carreira. Tudo bem que é raro ver o cara pontuar, mas é outro exemplo de atleta que temos que parar e aplaudir. De pé.

Não é fácil chegar onde essa turma chegou.

0 comentários: