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quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Lesbians

Ano passado, vi uma reportagem no Fantástico que me chamou a atenção. Duas professoras, de uma mesma escola pública de Campo Grande, se apaixonaram e resolveram comentar com uma colega de profissão sobre o caso, que acabou chegando à Secretaria Municipal de Educação. Resultado: ambas acabaram sendo afastadas por tempo indeterminado, acusadas de expor a vida pessoal e de darem abertura à "possíveis conseqüências desastrosas", segundo a ATA de reunião da diretoria do colégio.

Achei um absurdo. Na minha opinião, o preconceito é claríssimo. As professoras foram afastadas pelo simples fato de serem homossexuais. Se o caso fosse entre um professor e uma professora, com certeza, nada teria acontecido.

Segundo o prefeito de Campo Grande, é inadmissível que tal situação ocorra dentro de uma escola, que é um lugar para ensinar e aprender. Que infelicidade do prefeito...

Esta seria uma ótima oportunidade de ensinar as crianças sobre algo que elas presenciarão até o final de suas vidas: o respeito para com as diferenças. Nem todos somos iguais...

As crianças que estão nesta e em qualquer outra escola com certeza irão vivenciar (se já não vivenciaram) casos de homossexualidade em suas vidas. Nada mais correto do que ensiná-las a respeitar e a tentar entender que a situação é muito comum nos dias de hoje. Claro que isso não se daria de uma hora para outra. Seria necessário tempo. Tempo que também é necessário para uma criança aprender a somar e a ler, por exemplo. O que não se pode acontecer é esconder o fato das crianças, e pior, mostrar a elas que é incorreto se apaixonar ou ter uma relação com uma pessoa do mesmo sexo.

Na minha visão, as crianças aprenderão que a homossexualidade deve ser combatida, discriminada, erradicada, quando o exato contrário deveria ser mostrado a elas de forma transparente e sincera. Mostrar que é normal que tal situação aconteça, que o respeito deve existir antes de tudo, que as professoras já têm idade para decidir o que acham melhor para suas vidas e que somente elas podem ou não continuar com a relação. Da mesma forma que acontece com homens e mulheres, acontece também com pessoas do mesmo sexo.

Além do mais, todos sabemos que o número de homossexuais, hoje, é muito maior que há 10, 15 anos atrás. E é provável que, um ou outro (s) aluno (s) da mesma escola em Campo Grande, descubra em poucos ou muitos anos que é homossexual e que é essa a opção que levará para a vida toda. Com certeza, esse indivíduo se lembrará das professoras da sua escola, que foram afastadas ao terem sua vida amorosa descoberta.

Discriminação maior que esta é difícil de achar. Não sou a favor da homossexualidade e sim de cada pessoa escolher o que é melhor para ela mesma. Cada um tem o total de direito de fazer suas escolhas, de escolher o caminho que deve seguir. E não ser discriminado somente pelo fato de ser minoria. Torço para que as professoras vençam na justiça a batalha, que provavelmente, se arrastará durante um bom tempo.

Que a justiça seja feita. E as decisões de cada um respeitadas.


Para acessar a reportagem, clique aqui

4 comentários:

Gabi disse...

dani, concordo com vc em gênero, número e grau. as escolhas de cada um devem ser respeitadas. Quem somos nós pra julgar as escolhas dos outros?

Estamos mto longe ainda de uma sociedade justa, infelizmente...

bjus. Excelente texto!

Anônimo disse...

foda isso... Brasil é um país hipócrita...

Thaís Pacheco disse...

Devo cotestar duas idéias suas:

1 - "o respeito para com as diferenças". Diferente pq? Olha vc sendo preconceituoso....

2 - "o número de homossexuais, hoje, é muito maior que há 10, 15 anos atrás"
É mesmo? Ou será que agora pode-se assumir mais?

Mas eu entendi a moral do seu post. e concordo.

Carol Sales disse...

Oi. Prazer. Sou amiga da Gabi, e fico pilando de blog em blog...
Achei o texto muito bacana. Meu filho tem 11 anos e convive com casais de amigos meus homossexuais. Desde pequeno, explico a ele que a escolha sexual da pessoa jamais deve colocar sua integridade em questão, e ponto final. Uma vez ele perguntou se a Lu e São eram casadas na igreja e eu disse que não, porque a lei e a igraja não permitem casamento de pessoas do mesmo sexo. E ele aos 10 anos de idade respondeu: _"Isso é ridículo". E eu respirei aliviada...Fiz minha parte.
Há quem ache que eu não faço certo e tals...E aí eu entendo de onde vêm os monstros que queimam homossexuais e travestis.
Odeio preconceito e amo o amor. E "qualquer maneira de amor vale a pena"