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terça-feira, 17 de julho de 2012

Na mesma moeda

Depois de doze anos treinando times masculinos, chegou a hora de mudança. Optou por treinar um time feminino, recém-formado, com boa estrutura e salário de ponta, jogadoras de alto nível e boa possibilidade de retorno. A principal mudança nem lhe passou pela cabeça.

No masculino, após os treinos, a reunião no vestiário era obrigatória. No feminino, queria fazer o mesmo. O contato diário com os atletas era uma de suas preferências, acreditava que isso ajudava muito na formação de um grupo qualificado e unido.


Passados vinte minutos do fim do treino, não se deu conta do que estava prestes a acontecer.

As conversas que vinham do vestiário não foram suficientes para chamar sua atenção. Ele era o único homem da equipe inteira e só foi perceber isso, de verdade, quando abriu a porta e se deparou com uma cena que ficaria guardada na sua memória por muitos anos.

Algumas ainda se despiam, enquando outras caminhavam para o chuveiro. Algumas já molhadas se preparavam para começar a trocar de roupa. Uma outra se maquiava no espelho, nua. E ele ali, na porta do vestiário, mudo. O silêncio atingiu todo o ambiente, tudo parado. Ninguém se mexeu nos longos segundos de encaradas.

O pouco tempo foi suficiente para prestar atenção em tudo que acontecia e para se deparar com a situação mais embaraçosa em seus vinte anos de carreira profissional.

No dia seguinte, treino normal, por incrível que pareça. As jogadoras pareciam nem se lembrar do dia anterior. Aliviado, se lembrou de esperar para tomar seu banho.

Na saída do chuveiro, viu que sua mochila tinha sumido e foi surpreendido pela entrada de todas as atletas do grupo, que o viram como viera ao mundo.

Recompensadas, elas revidaram o imprevisto e acabavam com a vergonha que tinham passado. Na mesma moeda, descontaram aquela sensação e agora sim podiam começar a temporada sem ressentimentos.

1 comentários:

Vinícius F. Magalhães disse...

Eu não ligaria! rsrs Ficaria recompensado e satisfeito! Viva o hedonismo! hahahaha