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sexta-feira, 18 de maio de 2007

Nostalgia / reflexão

No caminho pro serviço hoje, vi dois casais dormindo na rua. Sei que isso está presente no dia-a-dia de qualquer pessoa que mora em uma cidade grande ou média, mas parece que hoje vi a coisa mais de perto. Eu meio que senti na pele. Deve ser foda não ter onde fazer um xixi, tomar um banho...e o frio...putz...já pensei nisso várias vezes, mas só agora tô resolvendo escrever. Complicado.
Meu pai me falou um dia que tinham uns fiscais da prefeitura, em determinada época, que abordavam esse pessoal de rua, oferendo um lugar coberto, onde eles teriam direito à comida, assistência psicológica e tudo mais. E tinha muita gente que não aceitava, de jeito nenhum. Batia o pé mesmo. Me indago o porquê. Vai saber o que passa na cabeça desse povo que mora em rua. Cheio de gente louca, acabo morrendo de rir de alguns. É triste, mas tem hora que só rindo mesmo; tem cada peça rara.
Lembro da "Dona Justa", uma senhora muito louca que vivia nas ruas de BH, com um vestido vermelho, toda maquiada, vivia conversando sozinha e mexendo com os outros. Surtada, a coitada. Era divertidíssimo vê-la surtando por aí. Nunca mais a vi. Mas essa é do tempo que eu era bem pequeno.
Tinha também a Teresa, essa é lendária. Vivia varrendo a calçada no trecho da Rua Grão Mogol com Avenida Uruguai, com sua boneca a tira-colo. Cantava o dia todo e era conhecida por todos. Acho que até morreu já.
Lembro que via essas duas figuras em passeios com a família Ottoni. Abrindo um parêntes, me vem agora um breve momento de nostalgia. Me recordo agora do "Caminho do ventinho". Tal termo era apenas para mostrar a passagem pela Avenida Nossa Senhora do Carmo, onde eu colocava a cabeça pra fora da janela e sentia aquele ventinho no rosto. Mas o "caminho do ventinho" era só ali, naquela avenida. Coisa de menino. Eu adorava. Outra peça rara dessas que vivem na rua é um moreno, que até pouco tempo o vi novamente em seu local-padrão: Avenida do Contorno com Rua Grão Mogol. Ali, em frente ao Pastel. O cara pede dinheiro pra todo mundo e quando você fala que não tem, ele solta: "Pode ser cheque". Vai ser cara-de-pau assim lá na...
Em relação a esse pessoal que vive na rua, a situação é mesmo complicada. Odeio dar dinheiro pra esse pessoal, acho que não vai ajudar em nada. Dali a 10, 20, 40 dias você vai voltar e eles estarão no mesmo lugar. Ou então, em outro sinal próximo. É tiro e queda. Ou você já viu algum mendigo que saiu da pinda devido à contribuição enorme de parte da população? Eu nunca vi e nem acredito que dando esmola vai resolver alguma coisa. Pelo contrário: acho que dando esmola, a gente incentiva o camarada a ficar ali. Quanto mais dermos, mais convencido ele vai estar de que aquela situação não precisa de mudança. Mas é foda: se a gente não der, quem vai ajudar os caras? O governo? Em alguns casos, até acontecem alguns projetos e iniciativas, como a que eu citei no início do post, mas acho que não cabe à população, ajudar esse pessoal tirando do seu próprio bolso. Que se faça uma associação, crie um projeto, sei lá. Mas ficando dando esmola todo dia não dá. Aposto que Vinícius Ferreira Magalhães concorda comigo em gênero, número e grau.
Outra situação que me chamou a atenção é dos 10 garotos atleticanos com paralisia cerebral que foram à Cidade do Galo. Um deles fez até uma "apresentação artística" para os jogadores. Recebeu aplausos. Achei ótima a iniciativa da visita.
Tais situações citadas me fizeram pensar em como sou sortudo por ter uma família legal, um lugar onde morar, dormir, uma cama quentinha me esperando quando chego morto do cursinho, por ter amigos de verdade e o mais importante, por ter saúde. Sem saúde não somos nada. Você pode ser o cara mais rico do mundo. Se você não tiver saúde, tá lascado. Pode saber.
Acho que posso considerar que tal postagem obedece ao que chamo de "função social" do blog. Será que alguém vai dar uma refletida sobre isso? Eu dei. E foi massa, valorizei muito mais as coisas que tenho.

Inté...

5 comentários:

André Carneiro disse...

Fala velho, eu só dou dinheiro quando o cara fala que é pra cachaça. Primeiro porque eu acho justo da parte dele e porque acho que cachaça faz parte da diversão a que todos tem direito. Segundo porque não acontece muito, então tudo bem...

Sugestão: Dê um enter entre um parágrafo e outro para afastá-los visualmente. Facilita a leitura.

Jojo disse...

Eu NAO dou dinheiro em hipótese alguma.Uma porque eu sou mto pão dura e outra porque senão eles nunca vão tentar um emprego ou algo do tipo.E nem dô meu mac donalds praqueles meninos que ficam na porta ali na savassi.Alias, odeio-os.
Pode chamar de má, de sem coração, do que for. Mas eu não dou dinheiro nem ajudo ninguém assim. Acho que a pessoa tem que fazer por onde pra ser ajudada. Todo mundo tem que trabalhar. E odeio aqueles carinhas e senhoras que ficam no centro explorando das doenças que tem e ficam deixando aquelas feridas todas expostas. Todo mundo tá cansado de saber que existe hospital e que não precisa de ficar expondo isso na rua. Essas pessoas usam demais da boa fé das outras.

Paula Carolina disse...

Tem alguns casos que fico com dó, mas não dou dinheiro. Como vc disse, se vc dá dinheiro está mantendo eles ali, incentivando o dinheiro fácil.
Outra coisa que dá raiva são os flanelinhas...acho simplesmente um absurdo ter que pagar qq coisa pra deixar o carro na rua. Como se eles fosse impedir q o roubem ou estraguem.

Unknown disse...

Na maioria das vezes não dou nada, mesmo pq corro o risco de abrir a janela do carro pra dar dinheiro e ainda ser assaltada, como já aconteceu uma vez. Mas quando vejo alguma criança na rua me parte o coração, me coloco na situação delas e lembro q na minha infância só me preocupava em brincar e elas tem q servir de cobaia no sinal correndo vários riscos, muito triste...

Anônimo disse...

Obrigado por Blog intiresny